Se o Benfica perder sábado com o Sporting de Braga, o Sporting terá domingo a oportunidade inédita de festejar um título no reduto de um rival, caso vença o FC Porto, na 31.ª jornada da I Liga de futebol.
No Estádio José Alvalade, os ‘leões’ já assistiram a celebrações do Benfica, em 1975, e, duas décadas depois, do FC Porto, em 1995 e 1999, dispondo agora da chance de se ‘vingarem’ de um dos maiores adversários no futebol luso, apesar de os ‘azuis e brancos’ estarem já arredados da luta pelo título esta época.
As ‘desfeitas’ em casa de rivais começaram em 1974/75, quando, na penúltima ronda, o Benfica chegou a Alvalade a precisar de apenas um empate para ganhar a corrida ao FC Porto na luta pelo título, algo que viria a conseguir, ao impor uma igualdade 1-1: Fraguito marcou aos 30 minutos e Diamantino respondeu para os ‘encarnados’ aos 52.
Entretanto passaram-se duas décadas e a hegemonia dos ‘dragões’ no pós-25 de Abril traduziu-se em duas celebrações em Alvalade, nas épocas que iniciaram e terminaram o seu ‘penta’, único em Portugal até hoje, entre 1994 e 1999.
Primeiro, à 31.ª jornada, sob a batuta do treinador inglês Bobby Robson, que tinha sido despedido de Alvalade a meio da época anterior, Domingos, aos 58 minutos, resolveu de penálti no triunfo por 1-0 precisamente no recinto do seu concorrente direto para vencer o campeonato, que os ‘dragões’ concluíram com sete pontos de vantagem, na última temporada em que cada vitória valia dois pontos.
Em 1999, o FC Porto já subiu ao relvado campeão, já que o Boavista, com quem lutava pelo primeiro lugar, havia empatado e assim oferecido o título no ‘sofá’: Zahovic empatou aos 85 minutos, após o tento inaugural de Pedro Barbosa, aos 46, à 33.ª jornada de uma prova em que os ‘axadrezados’ ficaram na segunda posição, a oito pontos dos ‘azuis e brancos’, enquanto o Sporting foi quarto, a distantes 16 pontos do campeão.
Na viragem do milénio, novamente o FC Porto festejou em casa alheia, agora na do maior rival, o Benfica, em 2011 e em 2022, em ambos os casos em festa selada com triunfos no Estádio da Luz.
No primeiro caso, André Villas-Boas, agora candidato à presidência do FC Porto, no ato eleitoral de sábado, era o treinador portista que enfrentava o Benfica, de Jorge Jesus, a quem venceu por 2-1, no desafio que ficou celebrizado pelo desligar das luzes e a ligação do sistema de rega em plenas festividades da formação da Invicta.
O colombiano Guarín inaugurou o marcador aos nove minutos, o argentino Saviola empatou aos 17, de penálti, a mesma forma como o brasileiro Hulk devolveu o comando, definitivo, aos dragões, campeões com 21 pontos de avanço (84-63) sobre os ‘encarnados’.
Mais recentemente, na temporada de 2021/22, o encontro da 33.ª e penúltima jornada ficou decidido já nos descontos, aos 90+4 minutos, em contra-ataque finalizado por um herói improvável, o lateral nigeriano Zaidu (1-0). O FC Porto, de Sérgio Conceição, foi campeão com 91 pontos, mais seis do que o Sporting, segundo, enquanto o Benfica fecharia o pódio, com 74.
Agora, com 12 pontos ainda em disputa, o Sporting comanda com 80, mais sete do que o Benfica. Se o Sporting de Braga vencer as ‘águias’ na Luz, o conjunto de Rúben Amorim passa a depender apenas de si para começar a comemorar o seu 20.º cetro no dia seguinte, em pleno Estádio do Dragão, tendo, para isso, de vencer o rival portista.
O Sporting de Braga até veria essa celebração com bons olhos, sinal de que teria ganho na Luz e que os ‘leões’ teriam batido os ‘dragões’, numa altura que o conjunto minhoto está em igualdade com o FC Porto e ambos lutam pelo terceiro posto da I Liga, ambos já a distantes 18 pontos do Sporting.
A formação de Alvalade viaja para o Porto com a tranquilidade do avanço confortável e a motivação de oito triunfos consecutivos, ante o FC Porto com pior registo na era-Sérgio Conceição.