A África do Sul apelou hoje à reforma e ao reforço da Organização Mundial do Comércio (OMC), na sequência da imposição de novas tarifas pelo Presidente norte-americano, frisando que todas as nações devem respeitar as regras do comércio global.
“Estamos a defender a reforma da OMC e a necessidade de garantir que esta seja capaz de se adaptar à realidade atual, mas também de reforçar um sistema de comércio multilateral e a transparência transfronteiriça”, disse à imprensa o ministro sul-africano do Comércio, Parks Tau.
A África do Sul, que se vê confrontada com novas tarifas aduaneiras de 30%, anunciadas quarta-feira pelo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, detém este ano a presidência rotativa do G20, grupo das principais economias mundiais.
Essas novas taxas alfandegárias irão afetar “significativamente o comércio como um todo”, enfatizou.
Parks Tau disse que as tarifas anulam efetivamente o acordo comercial AGOA (Lei sobre o Crescimento e as Oportunidades para África), que proporciona um acesso preferencial ao mercado dos EUA a muitos países africanos e que deveria ser renovado em setembro próximo.
Os sistemas da OMC “não foram levados em consideração” na definição das tarifas alfandegárias dos EUA, demonstrando “a necessidade de trabalhar coletivamente em direção a um sistema de comércio multilateral para que todos conheçam as regras”, declarou o ministro sul-africano.
“É essencial que as nações se unam e criem um conjunto comum de regras e trabalhem com base nessas regras”, acrescentou, referindo não ser apenas do interesse da África do Sul, país com uma economia em desenvolvimento, “mas também do interesse dos países desenvolvidos, garantir que todos conheçam as regras”.
O Governo sul-africano quer esclarecimentos dos Estados Unidos sobre como as novas tarifas foram definidas, acrescentou.
As tarifas afetarão vários setores da economia, nomeadamente a indústria automóvel e a agricultura, “com consequências para o emprego e o crescimento”, sublinhou o ministro das Relações Exteriores, Ronald Lamola.
Os Estados Unidos foram responsáveis por 7,45% do total das exportações da África do Sul em 2024, enquanto a África do Sul foi responsável por apenas 0,4% do total das importações dos EUA, disse Lamola.
“Dessa forma, a África do Sul não representa uma ameaça” aos Estados Unidos, acrescentou.