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Ataques na Cisjordânia ameaçam escalar conflito alerta ONU

Data de publicação
28 Agosto 2024
18:32

As Nações Unidas criticaram hoje a crescente resposta militar de Israel na Cisjordânia ocupada e lembraram que as operações violam o direito internacional e representam um risco de agravar a situação, já “explosiva”.

O gabinete dos Direitos Humanos da ONU recordou que o Exército israelita realizou quatro ataques na segunda-feira contra o campo de refugiados de Nur Shams, localizado em Tulkarem, provocando a morte de cinco palestinianos, incluindo dois adolescentes de 13 e 15 anos.

A ONU indicou que as informações recolhidas após o acontecimento permitem determinar que três dos mortos, incluindo os dois adolescentes, caminhavam em frente a casa no momento do atentado, uma questão sobre a qual Israel não reagiu.

De acordo com as Nações Unidas, cerca de 630 palestinianos morreram na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental às mãos das forças israelitas e dos colonos israelitas desde 07 de outubro, data dos ataques perpetrados contra o território israelita pelo Hamas.

Do total, 159 palestinianos – incluindo 29 menores – morreram devido aos bombardeamentos do Exército israelita, que lançou hoje uma nova “operação antiterrorista” no norte da Cisjordânia que provocou até ao momento a morte de cerca de 10 palestinianos.

Por esta razão, o gabinete dos Direitos Humanos, liderado por Volker Turk, sublinhou que “a violência entre as forças de segurança israelitas e os palestinianos armados na Cisjordânia não constitui um conflito armado de acordo com o Direito Humanitário, pelo que o uso da força na Cisjordânia deve ser limitado a normas e padrões aplicáveis às operações de segurança”.

“O uso de bombardeamentos e outras armas e táticas militares pelas forças de segurança de Israel viola estas normas e leva a execuções extrajudiciais e a outros assassínios, bem como à destruição de casas e infraestruturas palestinianas”, adianta o comunicado.

O gabinete de Turk lembra que este acontecimento “não é um incidente isolado”, mas “uma consequência direta da política de colonatos de Israel na Cisjordânia ocupada, que representa uma violação dos Direitos Humanos e é acompanhada pela cumplicidade das forças de segurança de Israel”.

O comunicado manifesta preocupação com a “rápida deterioração” da situação na Cisjordânia e advertindo que esta “poderá piorar dramaticamente se as forças de segurança de Israel continuarem a usar sistematicamente a força letal e a ignorar a violência perpetrada pelos colonos”.

“O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU apela a Israel para que cumpra as suas obrigações ao abrigo do direito internacional para colocar um fim ao projeto de colonato ilegal, restaurar a ordem e proteger os palestinianos, incluindo a retirada de todos os colonos, como foi reivindicado pelo Tribunal Pena Internacional”.

Também o gabinete da ONU para os Direitos Humanos, através da porta-voz Ravina Shamdasani, questionou as táticas de guerra e os ataques aéreos utilizados por Israel e denunciou que “muitas crianças morreram enquanto lançavam pedras” contra militares israelitas “muito protegidos”.

“É alarmante este uso desnecessário ou desproporcional de força e o aumento dos assassínios seletivos e outras execuções sumárias”, acrescentou.

O gabinete da ONU para os Direitos Humanos denunciou ainda detenções “arbitrárias” e tortura de “milhares” de palestinianos, num contexto também marcado pelas restrições de movimentos, destruição de propriedades e a “implacável” violência dos colonos.

“Israel, como potência ocupante, deve cumprir as suas obrigações”, afirmou Shamdasani, que pediu investigações “completas” e “independentes” a qualquer possível caso de abuso na Cisjordânia.

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