O Governo alemão reviu hoje em baixa a sua previsão de crescimento económico para este ano, apontando para um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2% em vez de 1,3%, num cenário de crise.
Esta crise é causada por múltiplos fatores que se acumulam e penalizam o setor industrial alemão, que representa cerca de 20% do PIB e ainda não regressou aos níveis de produção anteriores à pandemia de covid-19.
O PIB da Alemanha teve um recuo de 0,3% no final do ano passado.
A indústria tem sido atingida pelos custos da energia mais elevados desde o início da guerra na Ucrânia, com o fim do fornecimento de gás da Rússia.
O aumento das taxas de juro decidido pelo Banco Central Europeu (BCE) para travar a inflação penaliza a procura e o investimento.
O comércio internacional, pressionado pela desaceleração da China, não permite compensar a fraca procura interna nem manter o alto nível de exportações que representava a força da economia alemã.
A transição climática também apresenta dificuldades para vários setores, que consideram não ter subvenções ao mesmo nível dos seus concorrentes, nomeadamente os norte-americanos.
A indústria automóvel, outro pilar da economia, sofre com o abrandamento nas vendas de veículos elétricos após o fim dos apoios públicos para a compra.
Segundo um relatório ministerial publicado hoje, o país pode registar um crescimento anémico nos próximos tempos, com um “potencial” de cerca de 0,5% ao ano até 2028, devido a fragilidades estruturais ligadas nomeadamente à falta de mão-de-obra.
Esta situação “é um desafio, um desafio extremo”, declarou o ministro da Economia, Robert Habeck, em conferência de imprensa, apelando à aceleração de reformas para defesa da “competitividade industrial da Alemanha”.
“A saída da crise é mais lenta do que esperávamos. A economia mundial está volátil, o crescimento do comércio internacional está em níveis muito baixos e isso para um país exportador como a Alemanha constitui um risco”, afirmou Habeck.