A cadeia pública de radiodifusão israelita Kan, responsável pela seleção da participação de Israel na Eurovisão, vai alterar a letra da canção para evitar que o país seja desqualificado devido à natureza “excessivamente política” da sua participação no concurso.
O programa “HaKokhav HaBa” (“A Próxima Estrela”) da emissora pública israelita Kan selecionou há duas semanas a cantora Eden Golan para representar Israel no Festival Eurovisão da Canção 2024 com a canção “October Rain”, que se refere ao brutal ataque do Hamas em solo israelita em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e o rapto de 250 pessoas.
”A medida foi tomada depois de o comité que supervisiona o Festival Eurovisão da Canção ter decidido desqualificar a participação de Israel devido à sua ‘natureza política’”, afirmou a Kan em comunicado.
Inicialmente, a Kan discordou da ideia de alterar a letra, para atenuar o tom político, mas decidiu seguir o conselho do Presidente israelita Isaac Hezog, que na semana passada intercedeu entre a estação pública de televisão de Israel e a União Europeia de Radiodifusão (UER), que organiza o festival, para evitar a disputa.
”Penso que é importante para Israel participar na Eurovisão, e isto é também uma declaração, porque há inimigos que tentam expulsar-nos de todos os palcos”, afirmou então Herzog.
Segundo a Kan, a EBU também não gostou da canção que ficou em segundo lugar na pré-seleção de Kan, intitulada “Dance Forever”, sobre o massacre de 07 de outubro no festival de música eletrónica Nova, onde o Hamas matou mais de 360 pessoas.
A empresa israelita terá de alterar a letra das duas canções e caberá ao Comité de Supervisão da Eurovisão escolher a versão final de uma das duas canções.
No próximo domingo, Kan transmitirá um programa especial no qual será finalmente revelada a canção e a letra com que Israel será representado na Eurovisão.
A controvérsia sobre a letra da canção israelita surge no meio de vários apelos de representantes políticos e artísticos europeus à UER para que vete a participação de Israel devido à guerra na Faixa de Gaza.
O organismo respondeu que a Eurovisão é um evento “apolítico”, mas este argumento também foi criticado quando se recordou a rápida expulsão da Rússia na sequência da sua agressão militar contra a Ucrânia em 2022.