A coordenadora do BE considerou hoje que o PS deve “reconhecer o que correu mal durante a maioria absoluta” e “apresentar soluções ao país”, salientando que serão essas propostas que “vão determinar o futuro” após as legislativas.
Em declarações aos jornalistas à frente do Hospital Amadora-Sintra, onde se encontrou com um grupo de profissionais de saúde da área materno-infantil que assinaram uma carta aberta “sobre a degradação dos serviços de saúde” na região de Lisboa e Vale do Tejo, Mariana Mortágua foi questionada se, dada a eleição de Pedro Nuno Santos como secretário-geral do PS, é possível haver entendimentos à esquerda após as legislativas.
Na resposta, a coordenadora do BE disse esperar “para ver o programa do PS relativamente ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, afirmando que “é inquestionável e inegável” que a maioria absoluta socialista fez um “trilho na saúde que foi a degradação dos serviços”.
“O país não consegue viver com urgências que abrem à vez e com um SNS que está assente em horas extra ilegais por parte de profissionais que abdicam da sua vida. É preciso encontrar soluções e o que nós esperamos deste período de campanha é que seja de clarificação e apresentação de conclusões”, referiu.
Para Mariana Mortágua, “é importante essa clarificação e o PS tem de a fazer”.
“Tem de reconhecer o que é que correu mal durante a maioria absoluta e tem de apresentar soluções ao país porque são essas soluções que vão determinar o futuro a partir do dia 10 de março”, referiu.
Questionada se vê vontade de Pedro Nuno Santos em apresentar essas soluções, tendo em conta as suas declarações recentes, a coordenadora do BE respondeu que, “para encontrar soluções, é preciso que todos os partidos coloquem propostas em cima da mesa”.
“É preciso que a esquerda se mobilize e apresente soluções ao país. Essa é a responsabilidade da esquerda: dizer como é que solucionamos o problema o SNS”, referiu.
Da parte do BE, prosseguiu, “há anos” que o partido apresenta soluções e o “país conhece-as”, como a “valorização dos profissionais, a internalização de meios de diagnóstico, o investimento sério no SNS”.
“Desengane-se quem acha que estamos a falar de dinheiro. Porque, cada vez que não se investe no SNS, daqui a cinco anos gasta-se o dobro em tarefeiros, a contratar serviços e meios de diagnóstico ao privado, com o transporte de utentes”, disse.
Sobre o encontro com os profissionais que assinaram a carta aberta, Mariana Mortágua disse que o Hospital Amadora-Sintra “tem grandes deficiências nas urgências, sobretudo de pediatria e obstetrícia” e que os profissionais lhe transmitiram “preocupações que têm com os utentes”, designadamente em termos de filas de espera, encerramento de serviços ou transporte de doentes urgentes.
Mariana Mortágua considerou que a situação que se vive em hospitais como o Amadora-Sintra é “insustentável” e consiste na “desistência do SNS”, acrescentando que o acordo alcançado entre o Governo e os sindicatos dos médicos “não resolve esta situação”.
A coordenadora do BE reforçou que, no atual período, é preciso que os partidos “digam ao que vêm relativamente ao SNS”, ironizando que espera que o ministro da Saúde não faça “como o ministro da Educação e dizer em campanha que, afinal, era possível resolver os problemas que foram agravados durante a maioria absoluta”.
Em declarações aos jornalistas, a pediatra Tânia Russo, uma das signatárias da carta aberta, que foi também candidata do BE nas últimas autárquicas, referiu que a missiva em questão foi um “grito de alerta” dado pelos profissionais para que “a tutela tenha uma intervenção que é urgente”, considerando que se está a assistir a “uma degradação sem precedentes dos cuidados de saúde” na área materno-infantil.
“O plano de reorganização das urgências que tem vindo a ser anunciado tem muito pouco de planeado e de reorganização”, criticou.