O ministro do Ambiente e Ação Climática considerou hoje que a proposta mais recente da presidência da COP28 para o balanço do Acordo de Paris foi uma desilusão e defendeu mais ambição em relação ao fim dos combustíveis fósseis.
“O texto apresentado foi uma desilusão porque se por um lado reconhece a importância da ciência, do ponto de vista da mitigação não há correspondência em termos de ambição para ir ao encontro do que é reconhecido como fundamental do ponto de vista dos objetivos”, afirmou Duarte Cordeiro poucas horas após ter sido divulgada a proposta de texto do ‘Global Stocktake’ (primeiro balanço que está a ser feito do Acordo de Paris) dos Emirados Árabes Unidos, que presidem à 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP28).
Recordando a redação anterior, que referia diferentes opções de formulação no que diz respeito ao tema dos combustíveis fósseis, Duarte Cordeiro admitiu que não previa “um recuo tão grande”.
Na nova redação, é mencionado o apelo à redução do consumo e da produção de combustíveis fósseis, mas o texto deixa de referir a palavra “saída” dos combustíveis fósseis, ainda que noutros pontos reflita algumas das preocupações da União Europeia.
Por exemplo, o rascunho mais recente refere a necessidade de manter os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C, e a redução das emissões de gases com efeito de estufa em 43% até 2030, mas inclui outros aspetos que não são congruentes com estes objetivos.
“Podemos até dizer que reconhecemos o problema, mas se depois não temos medidas que vão ao encontro do que se espera do ponto de vista das respostas, na realidade acabamos por não reconhecer a relevância daquilo que a ciência nos está a dizer”, lamentou o ministro.
Admitindo que será difícil chegar a um texto final que mereça consenso até ao final do dia de terça-feira, quando estava previsto terminar a COP28, o governante português defendeu mais ambição sobretudo no que diz respeito aos aspetos relacionados com a mitigação das alterações climáticas.
“Se não temos ambição, não vamos atingir os objetivos globais que precisamos de atingir”, disse, acrescendo que “a mitigação é, sem dúvida, o aspeto que tem de melhorar de forma mais evidente”.
Além de deixar de referir a palavra “saída” dos combustíveis fósseis, no que se refere ao carvão, o texto apela para uma “rápida redução sem captura de carbono”, mas também para “limites às autorizações concedidas para novas centrais elétricas a carvão” sem captura de dióxido de carbono.
Um parágrafo do texto de 21 páginas cita também as tecnologias de “baixas emissões”, incluindo a nuclear, a captura de carbono e o hidrogénio de “baixo carbono”, “para aumentar os esforços de substituição dos combustíveis fósseis ininterruptos nos sistemas energéticos”.