O deputado do Chega Pedro Frazão acusou hoje o Governo de ter uma “certa intencionalidade” ao gerir a saúde de forma “tão incompetente”, questionou se o objetivo é favorecer os privados.
“É muito difícil conseguir perceber como se consegue ser tão incompetente na gestão da coisa pública sem uma certa intencionalidade”, afirmou o deputado coordenador do partido na comissão parlamentar de saúde.
Pedro Frazão intervinha no segundo e último dia das jornadas parlamentares do Chega, que decorrem sob o mote “os desafios da próxima legislatura” em Matosinhos, distrito do Porto, e que contaram também com a presença dos eleitos nos Açores e na Madeira, além dos 12 deputados à Assembleia da República.
O segundo dia das jornadas é dedicado à saúde e de manhã foi debatido “o modelo de gestão do Serviço Nacional de Saúde” e “crise na saúde, causas e soluções”.
O deputado questionou os oradores se há um plano para “tornar o Serviço Nacional de Saúde menos atrativo para transferir para o setor privado os seus profissionais e os seus clientes”.
Pedro Frazão defendeu ser necessária uma “desburocratização da gestão da saúde em Portugal”, considerando que existem “mais de quatro dezenas de dirigentes da administração pública de primeiro grau”, que gerem o orçamento da saúde “de forma tão displicente”.
O vice-presidente do Chega afirmou também que o partido não pode ficar indiferente à “desconsideração pelos profissionais” do Serviço Nacional de Saúde, que “é revoltante”.
Entre os oradores convidados, alguns dos quais que se identificaram como apoiantes do Chega, o médico António Palhares Delgado defendeu que quando for possível resolver os problemas dos cuidados de saúde primário, será possível “ter uma melhoria substancial nos serviços de urgência”, enquanto Almeida Dias, presidente do Conselho de Administração da CESPU, assinalou a necessidade de adaptar as respostas de saúde ao envelhecimento da população.
“Este desafio tem de ser preparado com muita antecedência, e não tenho visto por parte dos responsáveis políticos esta preocupação”, criticou.
Mário Nora, da Associação Convergência dos Centros de Responsabilidade Integrados, considerou não que não há falta de médicos em Portugal e apontou um “problema sobretudo geracional” em que os profissionais mais novos estão “mais preocupados com conseguirem ter qualidade de vida” e não estarem tão disponíveis para trabalhar horas extraordinárias.
Neste ponto, Almeida Dias concordou que pode “não haver falta de médicos em termos de números”, mas “há falta de trabalho médico”.
Jerónimo Fernandes, médico e autarca do Chega que esteve envolvido em suspeitas relacionadas com a angariação de donativos para apoiar refugiados ucranianos, discordou do nome do painel, afirmando que o SNS não vive um momento de crise, mas sim “uma doença gravíssima que se tem vindo a acentuar nas últimas décadas”, que se prende com a “incompetência de quem faz a gestão”.
A média de família Eunice Ramos apontou que os “médicos vivem num sistema de ditadura encapotada” e classificou o acordo da semana passada como “a ‘black friday’ do médico”, rejeitando “migalhas”.
José Pacheco, deputado regional do Chega nos Açores defendeu que “há falta de médicos” e falou também numa “má distribuição” destes profissionais.
Já Miguel Castro, eleito na Madeira, acusou o Governo Regional de “promover o preconceito” face aos serviços privados, dificultando o reembolso a quem recorra a estes prestadores de saúde.
Ainda durante a manhã, o deputado Pedro Pessanha abordou os problemas dos antigos combatentes, defendendo a necessidade de fazer um levantamento das carências destas pessoas, porque “para solucionar o problema é necessário conhecer as necessidades”.
“Portugal tem uma obrigação histórica de lhes dar a dignidade que merecem. Foram os que mais contribuíram para dar dignidade que a pátria lhes pedia”, salientou o eleito por Lisboa.