O diretor nacional da PSP anunciou hoje que determinou “uma célere averiguação” ao que aconteceu no policiamento do jogo de futebol Famalicão-Sporting e apelou aos polícias para manterem “o sentido de missão à causa pública”.
“Face ao ocorrido no dia de ontem [sábado] relativamente ao policiamento do jogo Famalicão/Sporting Clube de Portugal, e ainda que tenha já sido determinada a abertura de um inquérito aos referidos acontecimentos (...) pelo ministro da Administração Interna, determinei também que se proceda a uma célere averiguação do sucedido, na medida em que a confiança dos cidadãos na sua Polícia de Segurança Pública nunca poderá ficar comprometida”, escreve José Barros Correia, num email enviado hoje de manhã a todo o efetivo da PSP.
Na missiva, a que a Lusa teve acesso, o diretor da PSP sublinha que acompanha “as preocupações” dos polícias, posição que já tinha manifestado anteriormente, mas apelou “ao profissionalismo, dedicação e sentido de missão à causa pública” que caracterizam e distinguem a Polícia desde 1867.
“Apesar das nossas próprias e legítimas preocupações como profissionais e como pessoas, temos de ter sempre presente que a nossa legitimidade e autoridade como profissionais de polícia, só serão reconhecidas e reforçadas, se soubermos, em todas as nossas atitudes e comportamentos, transmitir uma imagem que granjeie respeito, credibilidade, empatia e, mais do que nunca, compromisso e confiança aos cidadãos que servimos”, precisa José Barros Correia.
Nesse sentido, o diretor da PSP exorta os polícias para que continuem, “com todo o profissionalismo, dedicação e entrega à causa pública, a merecer a confiança dos cidadãos” que servem.
O email, que foi enviado a oficiais, chefes, agentes e pessoal técnico de apoio à atividade operacional da PSP às 09:39 de hoje, surge na sequência do adiamento no sábado do jogo de futebol Famalicão-Sporting, depois de os responsáveis terem concluído que não existiam condições de segurança.
Segundo a PSP, “antes do início do policiamento ao evento, um número não habitual de polícias informaram que se encontravam doentes, comunicando baixa médica”.
Na sequência destes acontecimentos, o ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito urgente, por parte da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), “em especial dos que se reportam a generalizadas e súbitas baixas médicas apresentadas por polícias”.
O ministro da Administração Interna determinou também à IGAI a abertura de um inquérito sobre declarações de um responsável sindical relativas à atividade da PSP no contexto dos próximos atos eleitorais, nomeadamente a possibilidade de estar em causa o transporte de urnas de votos.
Numa entrevista à estação televisiva SIC Notícias o presidente do Sindicato Nacional da Polícia disse que não só os jogos de futebol estão em risco como também podem estar as eleições legislativas, porque são os polícias que transportam as urnas de voto.
José Luís Carneiro convocou ainda o diretor nacional da PSP e o comandante-geral da GNR para uma reunião que está a decorrer desde as 09:00 no Ministério da Administração Interna, estando no exterior cerca de 300 polícias para manifestar apoio aos responsáveis das duas forças de segurança.
O jogo de futebol de hoje Leixões-Nacional, marcado para as 11:00, também foi adiado por falta de policiamento. O email do diretor nacional foi enviado antes do anúncio de mais este adiamento.
Os elementos PSP e da GNR exigem um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, estando há quase quatro semanas em protestos numa iniciativa de um agente da PSP em frente à Assembleia da República, em Lisboa, que depois se alargou a todo o país.
A maioria dos protestos tem sido convocados através das redes sociais, nomeadamente telegram, surgindo nos últimos dias um movimento inorgânico chamado ‘movimento inop’ que não têm qualquer intervenção dos sindicatos, apesar de existir uma plataforma que congrega sindicatos da PSP e associações da GNR, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.
Esta plataforma, que organizou duas manifestações em Lisboa e no Porto e consideradas as maiores de sempre, escreveu no sábado ao primeiro-ministro sobre a “situação limite” dos profissionais que representam, alertando para um eventual “extremar posições” perante a “ausência de resposta” do Governo.