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Greves de professores representam apenas 4% das faltas nas escolas

Data de publicação
29 Janeiro 2024
12:19

As greves de professores representaram apenas 4% das faltas registadas em 2017/2018, ano em que os docentes do ensino público faltaram mais de dois milhões de dias, revela um estudo hoje divulgado.

Considerando todos os professores do ensino obrigatório, “o número de dias que os professores faltam é muito elevado”, chegando em média perto dos dois milhões de dias por ano, segundo o estudo “Professores sob a lupa — A realidade demográfica e laboral dos professores do ensino público em Portugal 2016/17- 2020/21”, lançado hoje pelo Edulog.

O principal motivo para o absentismo é a doença continuada de uma classe cada vez mais envelhecida e, em média, faltam 11 mil docentes por dia, concluiu o estudo coordenado pela investigadora do ISCTE, Isabel Flores.

Resultado: Todos os dias cerca de cinco mil turmas são diretamente afetadas por este absentismo, refere o mais recente estudo do think tank da Fundação Belmiro de Azevedo direcionado para a área de Educação.

Nos últimos anos, o descontentamento e contestação dos professores levou a um aumento de convocação de greves mas, no ano letivo de 2017/2018, estas ações motivaram apenas 4% das faltas.

“Os motivos das faltas que não se relacionam com saúde não apresentam grandes variações, tendo vindo a diminuir no período em análise, com exceção do motivo Cidadania, que teve um aumento expressivo no ano de 2017/18, refletindo as greves desse ano. As greves, apesar de mediaticamente visíveis, representaram apenas 4% das faltas no ano de 2017/18”, refere o estudo.

Já as licenças de maternidade e paternidade são “residuais” e estão “em queda”, uma situação que pode ser explicada pelo envelhecimento da classe.

O estudo salienta que “nem todas as faltas representam dias em que os alunos não têm aulas, dado que neste conjunto estão contabilizadas as faltas de longa duração”, ou seja, casos em que existe maior facilidade em substituir o professor.

Sobre o envelhecimento acentuado da população docente, os investigadores verificaram que um em cada quatro dos educadores de infância tem mais de 60 anos, sendo que a percentagem de professores com idade igual ou superior a 60 anos tem vindo a aumentar (de 9,2% em 2016/17 para 19% em 2020/21).

O estudo mostra ainda que há cada vez mais professores e cada vez menos alunos.

Segundo a investigadora do ISCTE e coordenadora do trabalho, Isabel Flores, os níveis de absentismo entre os professores das escolas públicas são semelhantes aos das restantes classes da Administração Pública, um dado que é também sublinhado por Filinto Lima.

O estudo aponta para a dificuldade em substituir docentes doentes ou reformados como um dos principais motivos pela existência de alunos sem aulas a pelo menos um professor.

Apesar da grandeza dos números, a grande maioria dos professores nunca falta ou falta menos de 10 dias por ano e por isso “nem é justa a ideia de imaginar que as escolas ficam abandonadas”, lê-se no estudo.

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