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Artigo de Opinião

Economista

9/01/2025 08:00

A estagnação económica de Portugal não resulta apenas de problemas estruturais, mas de uma cultura política que privilegia ganhos de curto prazo e de uma sociedade que se acomoda às comodidades de um Estado-providência. Esta combinação perpetua a dependência de modelos económicos insustentáveis, como o turismo e o trabalho barato, sufocando a ambição e a inovação.

Os políticos portugueses demonstram uma incapacidade crónica para planeamentos estratégicos. Promessas de alívio imediato e projetos de grande visibilidade substituem reformas estruturais profundas. Em vez de abordar problemas como a educação, a produtividade, a inovação ou a carga fiscal, os recursos são canalizados para iniciativas que fazem manchete, mas não transformam o tecido económico.

A eterna dependência dos fundos da União Europeia reflete esta miopia. Em vez de usar o apoio europeu para impulsionar reformas que fomentem a competitividade, Portugal utiliza-o para manter o status quo. Este comportamento evidencia uma falta de visão estratégica e compromete a soberania económica.

Por seu turno, a sociedade portuguesa habituou-se ao conforto de um Estado-providência que alivia dificuldades imediatas, mas fomenta a dependência. Muitos preferem empregos públicos ou benefícios sociais à incerteza do setor privado, desincentivando o empreendedorismo e a inovação.

A fuga de cérebros é um reflexo de uma sociedade resignada à elevada tributação. Os mais talentosos abandonam o país porque percebem que Portugal não recompensa a ambição nem oferece oportunidades adequadas. Os que ficam aceitam o progresso mínimo oferecido por um Estado paternalista, alimentando um ciclo de mediocridade.

Portugal perde, assim, o capital humano que educou, enquanto outros países beneficiam do talento formado em território nacional. Este êxodo limita a capacidade de inovar e reforça o ambiente de estagnação económica que se vive, e já ultrapassado pelos países da Europa de Leste.

O turismo, embora essencial à economia, tornou-se noutra “bengala”. A aposta neste setor reflete a falta de ambição política e estratégica. Baseia-se em mão de obra barata (hoje importada), e explora um modelo vulnerável a crises externas. Em vez de fomentar setores mais especializados, Portugal mantém-se refém de um setor que não promove mobilidade social nem estabilidade.

A conjugação de uma classe política desprovida de visão (acomodada com as sobras do 25 de Abril de 1974), com uma sociedade que privilegia a estabilidade sobre o risco consolidou o legado de estagnação de Portugal. Enquanto o país tolerar esta complacência e manter-se refém de um modelo económico insustentável, a economia permanecerá estagnada, o talento continuará a emigrar, e o potencial de Portugal ficará por realizar. Esta trajetória não é inevitável, mas uma escolha - que continuará em 2025.

“Defendemos que o facto de uma nação tentar tributar-se a si própria para alcançar a prosperidade é como um homem que está num balde e tenta levantar-se pela pega.” - Sir Winston Churchill, antigo Primeiro-Ministro do Reino Unido.

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