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Artigo de Opinião

1/04/2022 08:00

Podia ser o Ministério ou Secretaria de Estado dos assuntos (ou segurança) social, podiam ser a infraestruturas e habitação - investindo diretamente nesta parte de Portugal. Podia ser o Mar, tão importante para o futuro da Madeira, aproveitando a boleia do ferry para cumprir, ele próprio, a promessa de 2019 feita em Machico. Poderia ser o Planeamento, que gere o PRR, providenciando uma maior equidade neste importante instrumento de financiamento a fundo perdido, como poderia ser a administração interna, onde teria a oportunidade de resolver a questão das forças de segurança na Região, bem como pagar a dívida dos subsistemas de saúde. Podia ser o Turismo, pasta tradicionalmente associada aos interesses da Madeira. Podiam ser estas ou outras pastas, pois o conhecimento e experiência relativamente às mesmas é exatamente igual àquele que tem sobre as comunidades. Zero. Nenhum.

Recordemos o que disse o novo Secretário de Estado à margem da tomada de posse, quando questionado pela comunicação social acerca da sua falta de experiência, conhecimento e pensamento público sobre esta área:
"(…) mesmo enquanto presidente da Câmara Municipal do Funchal... e as comunidades madeirenses têm uma perfeita noção e conhecimento daquilo que é a diáspora portuguesa... é preciso, só é preciso… só alargar um bocadinho". Temos muito trabalho pela frente, Paulo!

Mas então porque foi esta, e não qualquer uma das outras 37 (ou 54 se quiserem) áreas a escolhida para conferir um palco privilegiado ao "chosen one" de António Costa? A resposta é que o PS continua firmemente convencido que têm sido os emigrantes, principalmente os regressados, a dar as sucessivas vitórias ao PSD desde 2019 (e foram 3 nesse ano, não esqueçamos) até à última, em final de janeiro de 2022. Já o tinham demonstrado antes, com uma atabalhoada aproximação aos filhos da nossa diáspora, como também o fizeram, ao fossar no caixote de sobras do PSD para recrutar candidatos mais maleáveis ideologicamente, colocando-os, quais paraquedistas, em lugares cimeiros das respetivas listas. Como se vê o PS atribui, como sempre o fez, muito maior quota parte de responsabilidade das comunidades no êxito eleitoral social-democrata do que aquilo que o próprio PSD reconhece.


Governante e "Lobbysta"

Mas Cafôfo optou por não se resguardar. Sucumbiu à tentação de garantir que não será apenas o governante das comunidades, como também não deixará de fazer lobby pela Madeira. O ex-autarca, ex-professor e ex-deputado coloca-se agora como refém de tudo aquilo que o Terreiro do Paço fizer, e não fizer, para com a Madeira. Sérgio Gonçalves, o homem escolhido pela dupla imparável para presidente interino até ao verão de 2023 mete mais algumas achas à fogueira, desenterrando o ferry, com que Cafôfo terá de ligar a Madeira às 7 partidas da sua Diáspora.

Apesar do cenário não ser famoso, e de tudo indicar que esta nomeação não foi produzida pelas razões certas, como já escrevi, desejo que o novo governante com a missão de manter fresca a conexão do Portugal português ao país que se encontra espalhado pelo globo, tenha o maior dos sucessos, pois esta é uma área demasiado séria para correr mal, ou ser utilizada como arma de arremesso partidário e eleitoral. Da minha parte dou-lhe o benefício da dúvida e aguardo ansiosamente que contrarie, no cargo, todos os meus temores.

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