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Artigo de Opinião

31/07/2024 08:00

O General Carlos Azeredo, monárquico, spinolista, católico e grande amigo pessoal de Sá Carneiro, segurou militarmente a Madeira no período dito “revolucionário”.

A Frente Centrista da Madeira forma-se quando recebo um recado Dele: “então não fazem nada?!... isto é só “esquerdismo”?!...”.

Depois do dia 11 de Março 74, segue à risca as instruções do General Spínola: “não perder mais posições, fingir que se faz o jogo dos comunistas” (ver episódios em “Relatório de Combate”).

Nas horas decisivas, disciplinou as Forças sob Seu comando, e, em altura própria, veio declarar que a Guarnição Militar da Madeira apenas obedecia ao Presidente da República, o General Costa Gomes, não reconhecendo a autoridade do primeiro-ministro Vasco Gonçalves.

Só que Azeredo era extremamente emocionável, às vezes não entendia logo as situações, por exemplo eu ainda levei duas ordens de prisão por parte Dele (ver “Relatório de Combate”).

Fundamental para o sucesso do combate pela Democracia e pela Autonomia, foi a organização clandestina “FLAMA”, estruturada em termos sofisticados de subversão e de guerrilha urbana.

Era mais um Movimento democrático, corajoso e eficiente, do que separatista, pois só colocava esta solução se o Rectângulo continental caísse definitivamente sob um poder fascista, como a ameaça comunista sob a qual vivíamos.

A conquista da Democracia só se materializa com a vitória das Forças Militares Democráticas a 25 de Novembro de 1975 e apesar das posteriores concessões inadmissíveis ao PCP, por parte da maioria dos Deputados Constituintes, em 1976, estando então Sá Carneiro daí ausente por doença.

Pela primeira vez, depois de 1 de Maio de 1974, podia-se “respirar fundo”. Pois se o 25 de Novembro tivesse corrido mal, muitos de nós, “democraticamente” ficaríamos com a cabeça separada do tronco (ver “Relatório de Combate”).

A Constituição da 1976 permitiu a Autonomia Política do Arquipélago da Madeira, após quase seis séculos de colonialismo. Mas limitada, muito distante dos Direitos e anseios legítimos do Povo Madeirense.

Hoje, o poder de Lisboa não teria consentido, sequer, esta Autonomia limitada. Lisboa então cedeu, contrariando a sua cultura política centralista, porque nesses anos precisou das Ilhas como garantias territoriais e populares de Resistência contra os fascismos ditos de “esquerda” e de “direita”.

E apesar do 25 de Abril de 1974, Lisboa continuou a impôr a todos os Portugueses uma visão reacionária e centralista do Estado, anti-primado da Pessoa Humana, quando até na última revisão constitucional da ditadura (1973) se admitia a criação de Estados Federados!...

A prioridade da Autonomia Política é a Dignificação e a Realização da Pessoa Humana, de todos e de cada um dos Cidadãos, a concretização dos Direitos à Identidade e à Diferença, um caminho da Felicidade possível.

Por isso, a Autonomia da Madeira não arrancou ao acaso. Assentou numa Estratégia baseada em seis pilares:

I - Mudar Mentalidades através da generalização da Educação, incluída de Cultura e de Desporto. Dos à volta de 500 estabelecimentos escolares, 250 construíram-se nos meus Governos.

E para que este Pilar e os outros cinco desta Estratégia assentassem em base sólida, promoveu-se a indispensável criação da Universidade da Madeira.

II - Segundo Pilar, Infraestruturas:

a. Energia

b. Mobilidades internas e externas

c. Água

d. Saúde (Sistema Regional de Saúde específico)

e. Habitação

f. Saneamento Básico

III - Terceiro Pilar, Reforma Agrária (extinção da colonia), a única com sucesso em Portugal.

IV - Quarto Pilar, capturar Recursos Humanos e financeiros junto das Comunidades Madeirenses e apoiá-Las nos diferentes países onde se instalaram para gerações futuras.

V - Centro Internacional Negócios (“Singapura no Atlântico” espantosamente travada por certos sectores locais) e desencadeamento da instalação, estudo e aproveitamento de Novas Tecnologias, nomeadamente para a exploração internacional de Serviços e de operações financeiras.

VI - Integração na União Europeia, com agressividade tal e tanta como para com o poder central português. Seguindo-se no Tratado Europeu, nominalmente, o estatuto de Região Ultraperiférica. Muito importante porque implicou, nos Tratados Europeus, nos ser consagrado o Princípio da Excepcionalidade.

* * *

ESTA FOI A REVOLUÇÃO TRANQUILA.

Posteriormente, a tendência política “Renovação” ocupou o PSD/Madeira, sem que lhe seja possível descortinar uma Estratégia fundamentada, porém cedendo nas frentes Lisboa, Bruxelas e parlamentares.

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