Hoje, somos ucranianos no sentimento de impotência.
Somos ucranianos na solidão que nos rodeia.
Somos ucranianos na desolação que a caminhada para a fronteira significa.
Há uma Ucrânia gravada no coração dos povos a quem não deixam decidir dos seus próprios destinos.
Mas também somos ucranianos quando o sonho não morre no som das sirenes.
Mas também somos ucranianos quando descobrimos o horizonte para além do mar tenebroso que nos circunda.
Mas também somos ucranianos quando por trás da lágrima na despedida há a certeza de um reencontro.
Há um sangue ucraniano que corre nas veias de quem acredita, de quem sabe que a vitória será sempre da paz, da justiça.
É por isso que a Ucrânia não é tão longe como se calcula.
É por isso que Putin vive na nossa vizinhança.
É por isso que não nos consolamos em afogar nos interesses nacionais os direitos humanos de quem foge da terra onde nasceu.
Não foram só os reservistas que foram chamados a resistir. Todos nós somos mobilizados para a causa da humanidade que tão bem se espelha hoje no imenso território da Ucrânia.
Que a opinião publica invada os gabinetes da plutocracia russa. Que as redes sociais firam de morte a simulação justificativa. Que os nossos gritos acordem o povo da Santa Rússia.
Este novo Anschluss não pode ter como resposta o recuo, a desvalorização. Pagamos caro há 80 anos. E temos de ter memória fresca para agir.
Desta vez a solidariedade não se basta numa mascara ou numa vacina profilática. Agora não é de confinamentos que precisamos.
À ONU, à NATO, à União Europeia, aos participantes de Assis não pode faltar a firmeza e a convicção.
Que Deus nos inspire e ampare.