O Homem só encontrará a sua Felicidade através da Bondade. Isto decorre porque ao Homem não lhe é possível ser Feliz sozinho, João Gilberto di-lo magistralmente em “Wave”.
A nossa vida será mais relevante na razão inversamente proporcional à relevância que lhe atribuímos. Nesta leveza, não se confunda com anedonia ou angústia vivencial, reside a certeza da nossa efemeridade, e da atribuição da importância ao Ser, versus Ter.
Não sendo a Felicidade um momento final, mas um percurso contínuo, o desapego e desprendimento do mundo material são fundamentais, aliados à consciência de fazermos parte de um todo, logo a dedicação da nossa vida deverá ser ao que nos rodeia, pois em boa verdade é mais real que nós.
A harmonia vivencial, a paz interior que conquista o exterior, só é possível quando fizermos uma renúncia espontânea ao interesse e à conveniência própria, e quando sentirmos, e aceitarmos essa disposição natural que nos impele a fazer o bem e nunca o mal.
Curiosamente, numa vida impelida para concretizar o bem, em prol dos outros e do que nos rodeia, isto é, com vontade, em virtude e verdade, saem todos beneficiados, inclusive quem o pratica (acredito até que é quem mais beneficiado sai), pois é no Amor que reside a Felicidade. Em bom rigor a bondade tem o condão de ser um veículo para a partilha de Amor e como tal de Felicidade. Podemos concretizar que a Bondade é o caminho do Bem necessário para atingir a Felicidade de todos, através desse veículo eterno que é o Amor.
“E se eu amava então dando-me, eu era enfim eu mesmo, porque não há senão o amor para restituir-nos a nós mesmos.” A. Camus -O Avesso e o Direito. A matéria da qual somos feitos é Amor, o Amor é de facto o Alfa e o Omega, essa é a dimensão que quando atingida, nos torna eternos.
Existem de facto demasiadas distrações na vida, são caminhos laterais e meros acessórios vivenciais, são os atalhos da inveja, são os becos da soberba, as travessas da luxúria, que devem ser relevados, só a consciência de que somos feitos de Amor e a sua aplicabilidade prática através da Bondade, podem nos recentrar no único caminho possível o do bem. Perdemos tempo e vida a olhar uns para os outros, perdemos o foco, a luz que nos guia deverá ser unívoca, criará um caminho de humildade e generosidade, o caminho do Bem.
Esse caminho que é pessoal, é concretizado em comunhão com tudo o que nos rodeia, a consciência que fazemos parte de um todo maior.
Que a Bondade seja um caminho diário, abra caminho para o Bem, e que a nossa mente, e os nossos corações inundem-se de Amor, dando-se.