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Artigo de Opinião

12/02/2024 08:00

Na sequência de uma investigação do Ministério Público, em que o nome do Primeiro-Ministro é mencionado, numa operação com buscas realizadas a 7 de novembro, António Costa apresentou a sua demissão ao Presidente da República, mesmo sem saber qual o teor das suspeitas que ligavam o seu nome a esse processo e sem sequer ter sido constituído arguido. O Presidente da República aceitou a sua demissão, mas manteve-o em plenas funções até a aprovação do orçamento a 29 de novembro.

O PS não perdeu tempo e no dia 18 de novembro aprovou as datas para a realização do congresso daí a menos de 2 meses. O tempo nestas situações é importante e, por isso, independentemente do que se iria passar, o PS avançou e preparou-se para as eleições para a Assembleia da República a 10 de março. 4 Meses entre a demissão de António Costa e as eleições, com tempo suficiente para o PS reorganizar-se.

Por cá, também na sequência de uma investigação pelo Ministério Público, a Polícia Judiciária montou uma operação de buscas a 24 de janeiro, resultando na detenção do Presidente da Câmara Municipal do Funchal, juntamente com 2 empresários cá da praça e juntando-se nesses processos o Presidente do Governo Regional, para já apenas na qualidade de arguido, porque teima em não pedir o levantamento da sua imunidade.

A partir daí foi a desorientação total do PSD-M, que num dia dizia uma coisa, noutro outra, tendo apenas um único intuito, o de ficar agarrados ao poder a todo o custo. Todos aqueles que em novembro passado gritaram a plenos pulmões por eleições antecipadas, mesmo com a maioria absoluta do PS na AR, agora, perante uma situação incomparavelmente mais grave e complexa, vergam-se a meia dúzia de dirigentes social-democratas que pretendem escolher alguém que presida ao Governo Regional, mesmo sem maioria no parlamento. Diria que as parecenças aos regimes ditatoriais são demasiadas.

De modo a fechar o cerco ao Representante da República, Miguel Albuquerque apresentou a sua demissão na véspera do início da discussão do Orçamento Regional, fazendo-o cair e pretendendo criar um cenário tipo ou nós ou o caos, apresentando um calendário ridículo que entre o início da operação e a realização de eleições medeiam 8 meses! O dobro do que foi necessário na República!

Em alternativa, apresentam um calendário em que o PSD escolherá um novo governo e em pouco mais de 2 meses temos programa de governo e orçamento aprovado (já agora porque é que não apresentaram o orçamento inicial em 2 meses?). Mas, esta solução ainda é mais caricata, porque estão à espera que o Representante da República diga qual a sua decisão, para então apresentarem o nome que supostamente vai presidir o Governo Regional, podendo inclusive apresentar novamente o nome de Miguel Albuquerque, ou seja, querem um cheque em branco de Irineu Barreto! Diria que a arrogância e a soberba do PSD-M está a atingir limites nunca antes vistos.

Resumindo, toda esta situação só tem um único responsável, o PPD/PSD, que quer fazer-nos a todos passar por imbecis. Um PPD/PSD com dirigentes e governantes sob suspeita de graves crimes de corrupção, um PPD/PSD irresponsável que deliberadamente não quis aprovar o orçamento regional, um PPD/PSD que não está minimamente preocupado em preparar a sucessão interna, porque mais importante que a Madeira e os madeirenses é, como sempre foi, o partido.

Madeirenses não se deixem levar por esta tentativa de golpe de estado, Sr. Representante da República não ceda a chantagens de quem é capaz de tudo para se perpetuar no poder.

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