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Artigo de Opinião

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8/05/2024 08:00

A maioria dos portugueses simplesmente não lê. Esta é uma possível leitura de um inquérito recente do Instituto Nacional de Estatística (2022), onde perto de 60% dos portugueses com mais de 16 anos não tinha lido um único livro no espaço de um ano. Em contrapartida, a Biblioterapia está a ganhar mediatismo no nosso país, graças ao contributo de profissionais como Sandra Barão Nobre, que lançou no passado mês de abril um livro sobre o tema: “Ler para Viver: Como a Biblioterapia Pode Melhorar as Nossas Vidas.”

Biblioterapia é um termo composto, que deriva de duas palavras gregas: biblíon (livro) e therapeía (terapia), que significa “terapia através de livros”. Quem a julgue apenas uma nova moda está equivocado, pois este termo foi cunhado pelo ensaísta Samuel Mchord Crothers em 1916. Segundo a International Federation for Biblio/Poetry Therapy, a Biblioterapia usa a literatura para espoletar interações terapêuticas entre o(s) participante(s) e o facilitador – o biblioterapeuta. Esta é bem-sucedida quando o diálogo a propósito das questões levantadas pela história leva os participantes a refletirem e alcançarem uma nova visão da vida.

De acordo com Clarice Caldin, existem três componentes básicos à Biblioterapia: 1) Catarse – libertação e purificação emocional, onde poderão surgir reações como o riso ou o choro. Permite-nos pacificação, serenidade e alívio das emoções; 2) Identificação – com as personagens do texto literário, onde poderá surgir afetividade em relação às que se destacam, pela negativa e positiva. Permite-nos compreender os nossos próprios conflitos através dos conflitos vividos pelas personagens literárias; 3) Introspeção – fase terapêutica que nos leva a uma autorreflexão. Permite um exame aos nossos pensamentos, sentimentos, atitudes e promove a aceitação ou mudança de comportamentos.

Segundo Rhea Joyce Rubin, existem três tipos de Biblioterapia: 1) Clínica – leitura de ficção por pessoas com problemas emocionais/comportamentais e subsequente diálogo com o biblioterapeuta, em coordenação com um profissional de saúde mental (psicólogo/psiquiatra); 2) Institucional – leitura de textos de caráter didático/diretivo por pessoas institucionalizadas, que depois discutem as leituras com a equipa médica, podendo incluir ou não um biblioterapeuta; 3) de Desenvolvimento – leitura de textos de ficção ou de caráter didático por indivíduos ou grupos que enfrentam desafios e que discutem essas leituras com um biblioterapeuta, de forma a promoverem o seu normal desenvolvimento e manterem a sua saúde mental.

Para Sandra Barão Nobre, a Biblioterapia tem vindo a ganhar força no contexto laboral, pelo que também podemos falar de uma Biblioterapia Corporativa. Esta pode ser aplicada individualmente ou em grupo e pode ter dois tipos de objetivos: 1) Abrangentes – distanciar-se da realidade, potenciar o desenvolvimento pessoal, humanizar o ambiente de trabalho, contribuir para o bem-estar geral dos colaboradores, entre outros; 2) Específicos – apoiar processos de decisão, de mudança, de comunicação, de desenvolvimento de competências, etc.

Sumariando, a leitura, narração e dramatização de histórias, prescritas e mediadas por especialistas, quando partilhadas têm o potencial mágico para mudar as nossas vidas. Como referiu Irene Vallejo: “Os livros ajudam-nos a sobreviver nas grandes catástrofes históricas e nas pequenas tragédias da nossa vida.”

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