Em qualquer parte do mundo está tudo à distância de um simples telemóvel. Serve para falar, mas mais do que isso, serve para outras formas de comunicação que ajudam a encurtar distâncias.
Num passado não tão longínquo quanto isso, tudo pareceria tão distante. Até mesmo dentro da mesma freguesia. Faltavam as redes viárias e sobretudo as telecomunicações.
Falar com alguém por vezes implicava fazer uma longa caminhada. Para dar um recado ou para uma simples conversa era tudo tão distante.
Quantas vezes lá em casa éramos incumbidas de levar um recado a alguém nas proximidades. Uma informação sobre fosse o que fosse. Ou para dizer a hora de regar ou para combinar um dia de trabalho ou para ajuda numa atividade qualquer, tipo descascar o feijão.
Levávamos e trazíamos informações que nos dias de hoje podem ser tratadas com um simples SMS ou um telefonema.
Hoje como sabemos está tudo na palma da mão.
Complicado era sobretudo o contacto com aqueles que emigravam. Quem cá ficava desesperava por informação dos que partiam. Estava tudo dependente duma carta que demorava no mínimo semanas a chegar ao destino.
Até os regressos à terra em tempo de férias eram complicados. Era difícil fazer chegar a informação aos que cá estavam sobre a hora e o dia certo de chegada à Madeira.
A partir duma determinada altura e para as notícias mais urgentes começou a ser usado o telegrama, que ainda assim levava o seu tempo e era muito caro. Era uma mensagem escrita que chegava via correios. O destinatário tinha de se deslocar à estação mais próxima para receber aquela informação.
Quando se ouvia falar que alguém recebeu um telegrama de um parente que estava no estrangeiro, normalmente não se associava a boas notícias. Esta via era usada para situações extremas, por norma associada a fatalidades.
O telefone fixo começou, entretanto, a ser usado e de certa forma a se banalizar. Mas há 50 anos eram bem poucas as pessoas que tinham telefone em casa. Algumas mercearias começaram a ter este equipamento que era usado pelos fregueses do sítio.
Algumas até criavam uma cabine própria para aumentar a privacidade das conversas. Cá fora existia um contador que marcava os períodos a pagar.
A tecnologia foi evoluindo e aos poucos este meio foi-se tornando mais acessível. Em algumas casas sobretudo de gente com mais possibilidades começaram a ser instalados alguns telefones.
Estes também eram usados por vezes pela vizinhança. Mas tudo com a maior das racionalidades. Era um serviço caro.
Quem estava fora ligava e pedia que se chamasse o vizinho.
Combinava-se chamada dali a alguns minutos para dar tempo ao respetivo familiar poder lá chegar.
Eram outros tempos. Tempos de muitas dificuldades e de muita pobreza.
Olhar para trás e perceber a evolução a toda a velocidade que surgiu nos últimos anos é sem dúvida impressionante.
Uma simples chamada telefónica que hoje já se faz por videoconferência era uma dificuldade do outro mundo.