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Artigo de Opinião

Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira

14/04/2022 08:00

O envelhecimento é um processo natural, contínuo e gradual. Um processo pelo qual todos teremos que passar. Pois, desde que nascemos, estamos a envelhecer, dia após dia. No entanto, à medida que envelhecemos vamos adquirindo experiências, conhecimento e sabedoria, que nos permite usufruir do dom da vida. Compete-nos saber viver e envelhecer. Todos os dias contam para que, o processo de envelhecimento individual seja positivo. Felizmente, existem diversas campanhas que incentivam e que fornecem informação sobre a importância de um envelhecimento ativo.

À medida que vamos passando pelas diferentes (e necessárias) fases da nossa vida, devemos procurar adquirir bons hábitos para alcançar um estilo de vida saudável, o que inclui uma nutrição e alimentação cuidada, rica e equilibrada; ter objetivos de vida; praticar exercício físico; evitar o consumo excessivo de álcool; procurar saber mais; não consumir drogas; conhecer-se a si próprio; procurar ajuda dos profissionais de saúde para ultrapassar momentos menos bons, como as perdas; socializar; manter contacto com a família e com os amigos, entre tantas outras coisas.

O processo de envelhecimento tem e deve de ser encarado de forma positiva. Todavia, não podemos ignorar que o envelhecimento é um dos grandes problemas do século XXI. Graças à ciência e à tecnologia, vivemos cada vez mais. Porém, uma maior longevidade significa estar mais exposto a doenças crónicas, a um declínio das redes pessoais e sociais, à perda da autonomia e a uma maior dependência de terceiros.

Envelhecer pode ser difícil e traumatizante. Muitos idosos são excluídos da vida social e familiar, encontram-se em situações de grande solidão ou são colocados em instituições que desconsideram princípios, valores e direitos.

Em determinadas sociedades, os mais velhos são vistos como pessoas sábias e ocupam um papel de liderança, devido à sua experiência de vida e ao seu conhecimento. Noutras sociedades, os idosos são vistos como um fardo ou com um papel social insignificante. É desolador pensar que as pessoas têm um prazo de validade ou que podem ser descartadas de um momento para outro, só porque perderam parte das suas capacidades produtivas.

Na maior parte dos casos, os idosos sobrevivem com reformas e pensões muito baixas, vivem em casas degradadas ou não adaptadas às novas necessidades, têm elevadas despesas de saúde e vivem a sua condição de reformado, longe do seu local de trabalho, dos seus colegas, amigos e até familiares.

Acrescenta-se ainda a este tema, o abandono de idosos nos hospitais. Lamentavelmente, não é só a sociedade que é cruel com os mais velhos. A própria família, cada uma com os seus motivos e com a sua realidade, abandonam os seus idosos nos hospitais e recusam-se a ir busca-los. Todos os anos dezenas de idosos são abandonados nos hospitais, parte deles são internados sem razões clínicas, outros, quando têm alta médica, continuam sozinhos, abandonados e esquecidos nos hospitais, a ocupar camas que são necessárias para outros utentes e a sentir a dor da ingratidão e da indiferença daqueles que mais amam.

Nada justifica a exclusão e o abandono dos mais velhos. Os idosos devem viver com dignidade, em segurança, livres de maus tratos físicos e mentais. Todas as pessoas merecem um tratamento digno, independentemente, da idade e das capacidades físicas e mentais. Os nossos idosos devem ser respeitados e valorizados, devem permanecer integrados na sociedade e as políticas sociais devem procurar dar resposta às necessidades destas pessoas.

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