SCHUMAN, o servo de Deus, teve razão. A unidade europeia, alargada e acrescida no seu conteúdo deu-lhe visão profética e a verdade é que há mais de 70 anos as nações agregadas vivem em paz com níveis de bem-estar nunca antes verificados. É certo que ao lado da comunidade criada em torno de interesses económicos, o chapéu defensivo da NATO acautelou-nos quanto ao inimigo externo particularmente nos períodos da guerra fria. Mas foram os interesses económicos com o bem-estar consequente que mais fez por isso.
Hoje o seu contributo volta a ter sublinhada razão. A velha Europa voltou à guerra nos Estados mais a leste. A criminosa invasão da Ucrânia deixou-nos estupefactos, revoltados e solidários com as vitimas da chacina que está a acontecer na Ucrânia. Aí apercebemo-nos que o Direito, como especial instrumento da paz, não consegue funcionar e as violações à Carta das Nações Unidas ocorrem com desplante chocante. Não será pelo Direito, só por si, que conseguiremos terminar com a guerra a escorregar por demasiado tempo.
O grande desafio que os próximos tempos nos esclarecerão é se será pela economia que a Guerra será derrotada. O mundo da segunda década do seculo XXI nunca foi tão aberto. As relações económicas entre os países registam valores inéditos e cada vez mais é impossível um Estado fechar as suas fronteiras às influências externas. Os benefícios que resultaram da crescente facilitação de circulação de bens e serviços entre os povos são efetivos e irreversíveis. Muita fome no Mundo se matou pela tendência liberalizante do comércio internacional e há hoje muitos milhões de cidadãos que podem colocar no seu prato bens alimentares a preços acessíveis.
A resposta do Mundo à Rússia invasora foi um conjunto ascendente de sanções económicas que na prática têm vindo a significar um isolamento da economia e do cidadão russo face aos mercados externos. As transferências bancárias, as exortações de produtos russos e a importação para a pátria de Putin estão a cair a pique com naturais efeitos na vida dos seus cidadãos. Nunca as sanções económicas foram tão longe e jamais um país esteve tão isolado por causa de uma guerra que provocou.
Se as sanções económicas conduzirem ao claudicar das pretensões bélicos da Rússia e a fizer recuar, teremos indiscutivelmente uma vitória da Economia sobre a Guerra e nunca mais qualquer Estado poderá ignorar esse desfecho inédito.
Dirão os leitores que não é apenas a economia que está neste campo de batalha. Também a comunicação social, o acesso ilimitado e oportuno à informação e o julgamento reputacional universal que se está a confirmar, têm, também um indiscutível papel. É certo. Mas nada será eficaz nesta matéria do que o aperto económico. Se todos os cidadãos e os Estados que nos representam forem coerentes e firmes, poderá registar-se na história da humanidade o primeiro cessar fogo com origem externa ao plano militar.
Será um grande contributo para a evolução da humanidade, como SCHUMAN vaticinou, embora numa circunstância bem diferente.