Desbravámos florestas para acolher famílias. Fizemos estradas para aproximar as localidades dos bens e serviços essenciais. Criamos as levadas para cada madeirense ter água nas suas casas e regar as suas culturas. Construímos socalcos para que a agricultura saciasse a fome desta terra. Construímos portos para que o mar providenciasse alimento e sustento às famílias. Com a sua cultura, gastronomia e arte de bem receber, tornámos esta ilha num ex-libris turístico reconhecido internacionalmente.
A vida na ilha sempre foi de grande sacrifício e de luta pela busca constante de dias melhores, com dificuldades e obstáculos, sempre foi evoluindo em benefício de todos e para todos. Este espírito trabalhador, de gente abnegada, foi capaz de conquistar espaço além-mar, criando Comunidades dispersas por todo o globo e que até hoje nos enche de orgulho.
Apesar de tantos séculos de existência e de sobrevivência, só há quatro décadas pôde finalmente conquistar a sua autonomia, que apesar de frágil e recente, tem demonstrado que serve os interesses de todos os seus habitantes nas diversas áreas. Tem permitido aceder à saúde com qualidade e dignidade, criar trabalho estável e duradouro, esbater as distâncias entre localidades, dinamizar a hotelaria e os serviços associados ao turismo, capitalizar investimentos estrangeiros, apoiar as famílias mais carenciadas, favorecer a progressão académica aos estudantes, entre muitas outras coisas que não tínhamos antes da autonomia.
Por tudo isto, é imperativo amadurecer a nossa autonomia, não só para que as leis possam ser ajustadas à realidade insular, como também para que o nosso crescimento e desenvolvimento possa estar nas nossas mãos e, assim, servir Portugal, "o país de todos os portugueses".
Para que alcancemos este desiderato, é fundamental a revisão da lei das finanças locais para que possamos ir mais além e beneficiar ainda mais as famílias e empresas madeirenses. Ter uma Madeira forte e sustentável tornará a vida de todos nós, ilhéus, uma realidade. A revisão da lei das finanças regionais, vai permitir, ter mais autonomia e uma melhor autonomia. Precisamos de ter uma autonomia progressiva, que nos permita olhar para os desafios futuros, com uma outra visão e com mais confiança. Este alargamento e amadurecimento da nossa autonomia vai permitir levar a região a patamares de desenvolvimento e de excelência em vários domínios.
Para acompanhar, de modo sincronizado, a maturação da autonomia da Madeira, é necessário que a cidade do Funchal se mantenha evoluída e cosmopolita, não só para o bem-estar dos residentes, como também para impressionar quem nos visita. A cidade não pode continuar suja e degradada, com as estradas esburacadas, demonstrando desleixo e dando uma péssima experiência para quem visita esta histórica localidade. Não pode continuar a apostar em trivialidades, preterindo o essencial e prioritário do supérfluo. A sustentabilidade da cidade depende das prioridades de quem a governa e, pelo que se tem visto, urge um ajuste urgente. Só com um Funchal mais forte é que será possível ir mais à frente não só ao nível da sustentabilidade, como também da autonomia que infelizmente tem sido amordaçada com os atuais protagonistas executivos.
Uma Madeira mais forte, sustentável e autónoma depende de um trabalho síncrono com todas as autarquias e com todos os madeirenses, não só para o bem-estar e qualidade de vida da sua população, como também para permitir a superação das barreiras impostas pela insularidade.
Estar à frente é pensar na criação de riqueza e de trabalho, alavancando a economia regional além-fronteiras com o objetivo de promover a sua estabilidade, autonomia e felicidade de todos.