É inacreditável mas, durante quatro semanas e com um total de 18 viagens, apenas uma viagem saiu na hora estipulada.
Todavia, seria muito incorreto da parte da Anita reclamar apenas dos atrasos. Em bom rigor, a saga das viagens começa já no momento da reserva, quando é necessário pagar mais de 700 euros, por uma viagem de ida e volta, classe económica, sem bagagem de porão, sem refeição mas com direito a um copo com água gratuito. É sempre importante referir que estamos a falar de um voo de 1h30. E, por favor não esquecer que, o lounge do aeroporto da Madeira, continua encerrado.
Felizes daqueles que conseguem reservar viagens com imensa antecedência ou têm uma certa flexibilidade nos dias ou nos horários porque, com sorte, têm acesso a valores mais acessíveis. Devido à limitação de horários, nem sempre as companhias áreas concorrentes são uma opção viável para a Anita.
Mas voltemos aos atrasos. A Anita quando está fora tem a agenda estrategicamente preenchida de forma a dar resposta ao maior número de compromissos. Ela conta todos os minutos e procura ser sempre pontual mas, ultimamente, o que mais tem feito é enviar mensagens com pedidos de desculpas, a cancelar ou a adiar diligências devido aos atrasos da TAP.
Não existe uma região específica para a ocorrência destes atrasos. Os atrasos são gerais, podem ser entre Funchal/Lisboa/Funchal/; Lisboa/Porto/Lisboa; Lisboa/Qualquer cidade europeia/Lisboa. A companhia é que é sempre a mesma: TAP. Regista-se atrasos de 40 minutos, 1h, 1h30, 2h, 2h e pouco… Regista-se ainda outras situações como: embarques com esperas em escadarias, mangas ou autocarros, sem ventilação, com dezenas de pessoas e crianças rabugentas, por mais de 45 minutos; embarques completos, com fecho de porta de avião e informação de última hora que os passageiros terão que aguardar 20, 30 ou 50 minutos dentro do mesmo até autorização de saída; perdas e reagendamentos de voos de ligação; aterragem com esperas de 20 ou 30 minutos porque estão a aguardar a chegadas das escadas; e tantas outras situações que são impossíveis de esgotar no momento.
Se, no início, a Anita reservava duas horas entre a chegada ao aeroporto e o primeiro compromisso; agora, reserva uma manhã mas começa a ponderar reservar um dia, o que é totalmente vergonhoso! A Anita precisa de trabalhar, os horários devem ser cumpridos e as pessoas, assim como o seu tempo e o seu dinheiro, devem ser respeitados.
Contudo, a saga das viagens não termina aqui. A Anita ainda tem de passar pelo martírio do levantamento do subsídio social de mobilidade nos CTT. O reembolso de uma parte do custo das viagens é uma ajuda preciosa para todos mas, o processo de levantamento, é de por os cabelos em pé. Como se não bastasse as horas passadas nos aeroportos, a Anita ainda passa outras tantas em filas nos balcões dos CTT, no Funchal. É enervante ver tanto balcão de atendimento vazio e apenas um ou dois funcionários a atender ao público, assoberbados de trabalho. A Anita quer acreditar que os intelectuais já estejam reunidos a criar uma forma mais célere de levantamento de reembolsos.
Ultimamente, a Anita só espera e desespera…