Na verdade assistiu-se a um passeio do candidato Presidente da República que apenas cumpriu os serviços mínimos e mesmo assim demostrou a diferença abissal entre ele e os demais. A campanha eleitoral foi fraquinha, não se discutiu nada que verdadeiramente interessasse ao país e muito menos aos portugueses. Afetos para cá, o CHEGA para lá e outas tantas coisas insólitas que caracterizam bem este país à beira mar plantado, em que em vez de se debater o que é verdadeiramente estruturante, se fica pela rima fácil e pelo pastel de bacalhau, entre duas edições do Big Brother e historietas que não lembra ao diabo apresentadas pelos "cientistas" do programa (os da casa e os comentadores) doutorados na vida alheia e depois admiramo-nos porque é que não passamos da cepa torta.
Aliás, muitos dos portugueses ainda nem conhecem as atribuições e competências de um presidente e amiúde exigem até que resolva coisas que são da esfera governativa e não presidencial. À Rainha de Inglaterra, por vezes, exigem o mesmo.
Mas não deixou de ser constrangedor muito do que se disse e fez durante a campanha, Marcelo passeou-se e os demais deram, na sua maioria, uma imagem manicomial e pacóvia de si próprios, que evidencia bem as suas insuficiências e até falta de tato politico, principalmente quando demonstram desconhecer a Constituição da República sobre a qual fariam o seu juramento, se fossem eleitos.
As duas candidatas vincaram bem isso quando se insurgiam, insistentemente, contra o CHEGA, que ajudaram a promover em vez de se sobrelevarem a si próprias e às ideias que nunca tiveram. Quando a diferença entre o vencedor e quem ficou em segundo lugar é de quarenta e oito pontos percentuais o que dizer? E o que dizer da diferença de apenas um ponto percentual entre a extrema-esquerda de Ana Gomes e a extrema-direita de André Ventura? Apenas que nenhum tipo de radicalismo interessa, venha ele de que quadrante vier. Resumindo, uma pobreza franciscana, uma tragédia, das tragédias. Deveriam mas era ter concorrido à Junta de Freguesia de Curral de Moinas.
2 - Nestas últimas semanas esteve no ar a novela do Procurador Europeu José Guerra, e o caráter sórdido da sua indicação pelo Estado Português. Como se não bastasse o amontoado de contradições, ligações políticas e familiares que demonstram que o processo foi tudo menos claro, ficou-se também a saber que até o curriculum enviado, em papel timbrado do Estado, continha dados falsos. As contradições e inverdades da Ministra adensaram a culpa e a vergonha do nosso país.
Como seria de prever nada aconteceu em matéria de apuramento da verdade: não há responsáveis e muito menos demissões, resta apenas a conclusão seca e oportuna de Francisca Van Dunem que, na condição de Presidente do Conselho da UE da Justiça em exercício, disse o que já se conhecia escudando-se no argumento de que o parecer do comité de seleção não era vinculativo e que a escolha de José Guerra foi efetuada pelo Concelho Superior do Ministério Público. Trapalhada atrás de trapalhada e o assunto ainda não está morto. Subsiste a questão: se era tudo tão certinho, qual a necessidade de incluir informação falsa no dito CV.
Enfim, coisa deste nosso país que nunca mais desencalha da cauda da Europa por estas e por outras coisas, mas aqui pela ilha a coisa não está melhor.