Se lhe perguntassem qual a pior coisa que poderia acontecer na sua carreira, o que responderia? Segundo alguns especialistas, o maior medo de muitas pessoas é passar a barreira dos 50 anos.
A associação Business Roundtable Portugal (BRP) alerta que a situação demográfica em Portugal se caracteriza por um forte envelhecimento da população, devido ao aumento da idade média e da redução sistemática da taxa de natalidade, para o qual contribui a emigração 412 mil portugueses jovens para o estrangeiro, provocando o designado Inferno Demográfico.
Apesar do envelhecimento da população ativa, as nossas organizações nem sempre gerem de forma vantajosa os seniores, levando a um subaproveitamento do seu capital humano. Na base desta conduta está o Idadismo (do anglicismo Ageism) – termo cunhado em 1969 pelo psiquiatra Robert Neil Butler. Constitui um tipo de discriminação contra pessoas ou grupos, fundamentada na idade, com grande incidência sobre os mais velhos. Nessa base estão mitos que impedem a sua capitalização e que convém desconstruir.
Mito 1 – são menos produtivos: na sociedade do conhecimento, as funções manuais estão em declínio e enquanto os mais jovens têm desempenho superior quantitativamente, os mais velhos revelam maior desempenho qualitativo.
Mito 2 – são menos criativos/inovadores: a experiência concede melhor capacidade para aferir a valia das soluções e a inovação é um empreendimento coletivo, sendo o mais importante colocar as pessoas certas nos lugares certos, independentemente da idade.
Mito 3 – rejeitam a mudança: a resistência é melhor explicada pela forma como a mudança é gerida, onde os mais velhos são geralmente excluídos de participar nos processos.
Mito 4 – anseiam pela reforma: acontece quando se sentem desvalorizados e desrespeitados pela organização. Muitos dos mais velhos desejam continuar a trabalhar quando lhes é concedida a oportunidade fora dos moldes convencionais (menor carga horária e maior flexibilidade).
Mito 5 – são mais dispendiosos: o incremento salarial é naturalmente fruto da experiência e sabedoria. Em muitas situações os mais velhos são menos dispendiosos pelas inferiores taxas de absentismo e por sofrerem menos acidentes de trabalho.
Mito 6 – não vale a pena investir na sua formação: investigação sugere que a formação dos mais experientes conduz a melhores resultados, além de que os mais jovens revelam maior tendência para mudar de organização, levando a que o investimento na sua formação seja menos rentável.
Mito 7 – a idade implica perda de capacidades cognitivas: embora capacidades intelectuais fluídas (memória, processamento de informação e raciocínio) possam regredir com a idade, estas são compensadas pelo aumento das capacidades intelectuais cristalizadas (conhecimento acumulado e sabedoria) e da inteligência emocional.
Mito 8 – os clientes preferem colaboradores mais jovens: estes não compreendem necessariamente melhor como lidar com clientes mais velhos, além de que em setores como a banca, os mais velhos são mais apreciados por transmitirem confiança, segurança e fiabilidade.
Parafraseando Anne Tergesen num artigo do The Wall Street Journal: “Todos sabemos que, à medida que avançamos na idade, as nossas mentes e os nossos corpos declinam – e a vida torna-se inevitavelmente menos satisfatória e aprazível. Todos sabemos que o declínio cognitivo é inevitável. Todos sabemos que, à medida que envelhecemos, nos tornamos menos produtivos no trabalho. Todos, ao que parece, estamos errados.”