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Artigo de Opinião

Consultor

30/08/2023 08:00

O conceito tem origem nas relações românticas, em que o termo "Cushioning" refere-se às pessoas que consideram outros parceiros para atenuar o impacto de uma potencial separação. Este termo entrou no mundo do trabalho numa altura em que grandes empresas como o Twitter, Meta e Amazon fizeram manchete com notícias sobre os lay-offs, colocando milhares de pessoas numa situação de insegurança. Todavia, chamar-lhe uma tendência emergente não seria totalmente verdadeiro, porque os colaboradores sempre adotaram medidas de precaução quando os seus empregos parecem estar em perigo. A discussão coletiva aberta sobre este tópico é, essa sim, um fenómeno relativamente recente.

De acordo com um estudo recente da empresa especialista em recrutamento Robert Walters, mais de um terço (37%) dos trabalhadores preparavam-se para procurar outro emprego, sendo os principais fatores a falta de segurança no seu cargo atual (72%), as condições económicas turbulentas (55%), as mudanças internas nos seus negócios (45 %) e a baixa satisfação no trabalho (33%).

As pessoas podem fazer Career Cushioning no seu tempo livre (pausas ou hora de almoço) ou depois do horário de trabalho. Muitas delas têm um sentimento de culpa ao procurar emprego, já que sentem que estão a trair a confiança do seu empregador ou até mesmo dos seus colegas de trabalho. No entanto, a culpa não deve prevalecer, uma vez que o processo consiste em colocar o bem-estar pessoal à frente do trabalho e nada mais. Além disso, não se limita apenas a procurar empregos de reserva, envolvendo antes networking e a aposta em formação e reskilling. Tal como o Quiet Quitting, este fenómeno tem por base o mesmo aspeto: priorizar o "eu" antes do trabalho. A pessoa ainda se sente comprometida com o seu emprego atual, mas faz uma reflexão relativamente aos seus gostos e paixões. De acordo com Catherine Fisher, a especialista em carreiras no LinkedIn que iniciou o movimento, o Career Cushioning faz-se em três passos:

• Avaliar que skills são necessários para conseguir o emprego que deseja, e ter formação;

• Manter-se em contacto com a rede de contactos - pode precisar de contratar alguém;

• Planear a sua carreira ideal. Com este passo está mais perto de conseguir arranjar o emprego certo antes de ter de sair do atual.

Em suma, deve estar sempre preparado para o pior, independentemente das suas condições económicas. Mas se considera que a sua organização não é financeiramente forte e pode estar a planear uma vaga de despedimentos, esta é a altura ideal para começar a amortecer a sua carreira. Com ou sem despedimentos, o Career Cushioning é uma tendência que veio para ficar.

Como magistralmente afirmou André Gide, prémio Nobel da Literatura em 1947: "O Homem não poderá descobrir novos oceanos a menos que tenha a coragem de perder a costa de vista".

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