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Artigo de Opinião

15/11/2022 08:00

Constatamos um facto: os nossos filhos cresceram! Olhamos para eles e surge-nos um pensamento que vagueia entre a surpresa e a nostalgia. Surpreendidas por estarem tão crescidos e a nostalgia de quando eram pequeninos.

E logo a seguir colocamos aquelas questões da praxe: "Como foi possível crescerem tanto, assim de um dia para o outro?", "Como é que o tempo passou tão rápido?"

E neste embate de pensamentos vem-nos à memória a voz ternurenta (ainda que seja relembrada, a maior parte das vezes, por via dos imensos vídeos gravados), os beijos e os abraços espontâneos, o colo que nos pediam a toda a hora, as brincadeiras, a permanente solicitação de "mãe olha para mim", "mãe olha o que eu estou a fazer". Tanta dedicação, amor e carinho! Tão orgulhosas dos nossos rebentos e de coração cheio, especialmente quando eles protagonizavam momentos deliciosos de muita risada.

Pois! E num abrir e fechar de olhos, ei-los crescidos! Diferentes. Mais distantes.

Nas conversas em família, por um lado, esgrimem os seus argumentos, exibem os seus pontos de vista, as suas opiniões, reivindicam os seus direitos e nós, por outro lado, desfiamos acerca da importância de serem responsáveis, que também têm deveres e que ser livre é isso mesmo.

Somos "chatos", dizem eles. Cotas! Velhos! Ah! Tanta dedicação, tantas noites mal dormidas, tanta paciência, tanta entrega, tanto amor. E depois é isto. Não nos ouvem e muitas vezes respondem às nossas perguntas em forma de grunhido. Impacientes.

Digo-lhe "o cabelo precisa de ser cortado." E numa resposta seca e direta responde "os meus amigos até acham que eu fico bem com o cabelo assim." Esboço um sorriso para disfarçar, tento balbuciar qualquer coisa, mas nada sai. Fico muda! E rapidamente constato que o mundo dele e dos jovens, em geral, já é maior e mais diversificado. Não existem só os pais. Entraram outros protagonistas na história deles.

Aquela criança que ria com as nossas piadinhas foi-se… agora são eles que, volta e meia, vem-nos exibir as suas piadolas e os vídeos super, super fixes! E nós, com toda a nossa paciência, ouvimos a tal piada ou vemos o tal vídeo super, super fixe e… nada. Mas onde está a graça?! Qual é a piada?! Olhamos um para o outro e, de repente, volta a atacar: "deixa lá, tu mesmo não percebes nada disto". Vira as costas, zarpa do pé de mim, enfia-se no quarto para conectar-se com os amigos e de lá saem gargalhadas infindas, falares esganiçados.

E fico eu outra vez imóvel a assistir à rodagem desde filme. Sim, houve um tempo em que integrava o elenco principal, mas hoje parece que sou uma personagem secundária ou, na melhor das hipóteses, uma simples figurante.

Agora os personagens principais são os amigos. Os amigos para conversar, os amigos para sair, os amigos para confraternizarem, a opinião dos amigos é que é válida. Enfim, os amigos para quase tudo!

Mães, vamos lá relaxar, respirar fundo e sossegar os nossos corações. Os nossos filhos estão realmente a crescer. E vê-los crescer tem tão de bonito como de assustador. Pela transformação física e mental, pelo seu desejo de autonomia, pela sua irreverência, pelas suas mudanças de humor, pela necessidade de se demarcarem dos pais, pelos seus medos e inseguranças. É como se estivessem a passar no meio de uma tempestade!

No meio deste turbilhão de descobertas, emoções, pensamentos e atitudes está subjacente a necessidade de afirmação, de se sentirem compreendidos e de encontrarem o seu lugar na sociedade. A nós cabe-nos respeitá-los, compreende-los, adverti-los e orientá-los sempre que necessário.

Já Jorge Palma canta "Mamã, mamã. Onde estás tu mamã. Nós sem ti não sabemos, mamã. Libertar-nos do mal".

É tão isto. Pode não parecer, mas os nossos filhos adolescentes precisam de nós e muito! Nós, continuamos a ser uma referência, um modelo e a nossa opinião continua a ser importante para eles. Somos o seu porto de abrigo e eles amam-nos. À sua maneira. E sempre que os ouvirmos perguntar "Mamã, mamã onde estás tu mamã?" Nós respondemos: "Estou aqui".

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