Por esta altura, também, o Dinheiro Vivo (jornal digital), assinala alguns apontamentos, sobre aquilo que as empresas hoje mais pedem aos trabalhadores no mercado laboral. Sobre o lema: Empresas querem competências práticas num mercado onde licenciaturas estão "a perder o brilho", conclui-se que as empresas valorizam cada vez mais as competências práticas, em detrimento de graus como a licenciatura, que as organizações priorizam competências técnicas e interpessoais, muito daquilo que não é ministrado na academia. Em síntese, a procura por competências direcionadas à realidade do mercado de trabalho está a mudar "a forma como encaramos a formação académica superior", afirma Patrícia Santos, associate manager na Michael Page.
Uma das principais razões acaba por ser a inevitável evolução das necessidades do mercado de trabalho. Tudo resulta de uma economia em constante transformação, mas também da globalização e dos espaços de trabalho cada vez mais diversificados e multiculturais.
Não espanta, assim, que ao olhar, hoje, para as ofertas educacionais se verifica que os currículos desenhados, com vista a desenvolver habilidades imediatamente aplicáveis ao mercado de trabalho, a sua aposta é, cada vez mais, na agilização de cursos de formação técnica especializada.
Já o mesmo não se verifica tanto com os currículos universitários. Na perspetiva de Pedro Amorim (corporate clients director do ManpowerGroup), não estão adequados à realidade do mundo profissional: "a academia não está a evoluir a um ritmo suficientemente rápido", reconhecendo que as competências académicas, por si só, "não são suficientes" e devem ser aliadas a outras características como pensamento crítico, agilidade, capacidade de aprendizagem e inteligência emocional. O também managing director da Experis defende, o que não deixa de ser desafiante, que as outras opções de formação, incluindo os Politécnicos, devem ser credibilizadas, revertendo a tendência de "desvalorização de outros métodos de ensino".
Paralelamente, e de acordo com o estudo: Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal (Fundação José Neves) em 2011 um trabalhador com o ensino superior recebia um salário 51% superior ao de um trabalhador com o ensino secundário. Uma década depois (2022) esta diferença é apenas de 27%.
Num momento em que se fala em montantes do PRR para, entre outros, também, a melhoria das qualificações, estará na altura de decidir de forma criteriosa, sobre este complexo e atual panorama, que constitui, não duvidemos, um desígnio verdadeiramente nacional.
Urge, portanto, convergir esforços, entre todos aqueles que, de uma forma ou de outra, devem intervir na formação, no sentido de aproveitar os apoios comunitários e contribuir para melhorar os índices de qualificação da população portuguesa. Fazendo-o, é certo, orientados para a Educação e Formação, mas, também, para o Emprego e o Trabalho, enquanto conjunto indissociável de natureza social.
Razões de competitividade e melhoria do desempenho da economia, aliados a fatores de coesão e inclusão social, deverão colocar, mesmo, acima de outras opções, este desempenho como absolutamente prioritário ao nível da definição de políticas públicas.