Em 2022 as Nações Unidas, verificaram o grau de felicidade dos cidadãos de 146 países com base em seis critérios: o PIB per capita, a expectativa de uma vida saudável, apoios sociais, a liberdade individual, a generosidade e a perceção de corrupção. No pódio dos povos mais felizes, encontram-se os finlandeses, que se sentem livres para fazer as suas próprias escolhas; os dinamarqueses destacam-se pela perceção de falta de corrupção; e os islandeses que dão cartas com o sentimento de pertença e a generosidade. Uma das conclusões deste estudo é a de que a generosidade entre as pessoas e a honestidade dos governos são pilares para o bem-estar.
Portugal ocupa agora o 56.º lugar, subindo duas posições face ao ano passado.
A corrupção não é apenas um problema institucional ou político, é também um problema cultural. Na nossa cultura, é considerado "esperto" quem consegue vantagens que não eram supostas e é visto como "tonto" quem quer "fazer como manda a lei". Também achamos que "quando a esmola é muita, o pobre desconfia", ou seja, estamos numa desconfiança constante. Escolhemos ser corruptos e desconfiados e o modo como o sistema funciona facilita a prática de atos corruptos:
- A burocracia excessiva diminui a eficiência da administração pública e possibilita corromper procedimentos;
- Um sistema judicial que não funciona de maneira eficiente permite que atos corruptos passem despercebidos;
- O Estado ser o único controlador na implementação e condução de políticas, propicia a falta de transparência nas decisões;
- Salários baixos, na medida em que as pessoas podem ser tentadas a aceitar subornos para complementar os seus rendimentos;
- A impunidade em relação à corrupção.
Portanto, é importante que se implementem medidas para aumentar a transparência, melhorar o sistema judicial, reduzir a burocracia e garantir salários justos. Alguns exemplos práticos: a nova Zelândia e a Dinamarca possuem um sistema judicial independente e imparcial; a Noruega tem uma legislação precisa e eficiente; na Finlândia, combater a corrupção é tida como responsabilidade coletiva do governo e dos cidadãos; na Suíça, há um sistema de democracia direta, no qual as pessoas influenciam nas atividades do governo através de referendos.
A responsabilidade e a transparência diminuem a corrupção, aumentam a confiança entre todos e, consequentemente torna-nos mais felizes.
A confiança é essencial para o progresso de qualquer sociedade.
Quando as pessoas confiam umas nas outras, estão mais dispostas a trabalhar juntas para atingir objetivos comuns e há menos mal-entendidos; havendo uma cultura de confiança, há predisposição para fazer negócios uns com os outros, o que leva ao crescimento económico; uma sociedade que confia nas instituições governamentais, está mais propensa a seguir as leis;
As pessoas que vivem em sociedades onde há um alto nível de confiança tendem a ser mais felizes e satisfeitas com as suas vidas.
Pois quando a maré sobe, sobe para todos.