Sucede que, ao longo dos anos, estas condições meteorológicas adversas têm provocado diversos problemas de inoperacionalidade no nosso Aeroporto, atingindo, entre 2015 e 2020, por exemplo, mais de 50% dos passageiros.
Sabendo que quase 73% do tempo de inoperacionalidade se deve a fenómenos de ventos com intensidade e rajada fora dos limites impostos pela ANAC e mais de 27% a situações de falta de visibilidade, foram encetados diversos procedimentos para solucionar o problema.
Um problema que não pode ser tratado conforme o vento, porque afeta a mobilidade dos passageiros, traz inúmeros prejuízos à economia regional, particularmente para o turismo, e, em última instância, prejudica também a imagem do País.
Em 2017, o Governo Regional da Madeira promoveu a criação do "Wind Study Group" - para análise desta matéria. Ouvidas diversas entidades com conhecimento técnico ficou assente, em 2019, que a NAV Portugal lançaria um concurso internacional de aquisição dos equipamentos identificados como necessários para melhor aferir a intensidade e direção do vento e auxiliar a operação sob visibilidade reduzida.
O objetivo? Uma revisão aos atuais limites impostos à operação e a uma melhoria inequívoca da operacionalidade.
Mas o que aconteceu até 2022? Vento. Apenas e só.
O concurso não foi lançado. O Gabinete do Secretário Adjunto e das Comunicações quis, em 2021, criar mais um grupo de trabalho para o estudo dos problemas da operação aérea no nosso arquipélago, cujas soluções, pasme-se, já haviam sido identificadas antes. A Assembleia Legislativa apresentou recomendações à República para acelerar o processo, mas os constrangimentos continuaram.
Neste, como em outros tantos assuntos (de que são exemplo, o subsídio de mobilidade, a majoração do financiamento da Universidade da Madeira, o financiamento do passe sub23, ou a revisão da Lei de Finanças Regionais), o Estado tratou a Madeira conforme a meteorologia.
Também para connosco o índice de operacionalidade da República foi fortemente afetado, mesmo sendo patente a manifesta urgência em determinadas áreas, ainda para mais nesta fase de crise pandémica.
Na Madeira, temos memória. E força. Do aeroporto ao hospital, não desistiremos de trabalhar para que sejam concretizados os investimentos necessários para bem da nossa população. Pensa-se que, agora, os ventos (rosados) que naquele lado se sentem já não podem ser desculpa…