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Artigo de Opinião

1/10/2024 08:00

Há boas e más heranças. Dois exemplos paradigmáticos:

Em 2013 a Coligação Mudança ganhou as eleições autárquicas no Funchal. Rapidamente percebeu que o PSD lhe deixou como legado uma dívida monumental de mais de 100 milhões €, onde se incluía o prejuízo de cerca de um milhão decorrente da utilização de 20 milhões€ em contratos SWAP. Os fornecedores esperavam cerca de um ano para receber o seu dinheiro. Outro legado “fenomenal” foi o da ETAR do Funchal que estava já em fase de multas ao Estado português por incumprimento de uma diretiva comunitária. Desde 1991 que o executivo PSD deveria ter procedido à remodelação dessa estação de tratamento de águas residuais, mas nunca o fez, optando por deixar essa “maravilhosa” herança a futuros executivos. Foi com um legado destes que os executivos de coligação liderada pelo PS, nos dois mandatos seguintes, tiveram de governar a cidade do Funchal. Dois mandatos difíceis, pois contaram sempre com o boicote sistemático do Governo Regional, PSD, e da oposição laranja na Assembleia Municipal. PSD e CDS até obrigaram a governar dois anos em duodécimos, em tempos de COVID. Nunca o PSD se preocupou com a população. O que lhe interessou sempre foi reconquistar o poder perdido. E para o partido laranja os fins justificam os meios. Aliás, ao longo dos oito anos de governação votaram contra novas medidas propostas pelas coligações lideradas pelo PS: comparticipação dos medicamentos às pessoas idosas carenciadas, subsídio municipal ao arrendamento, recuperação de habitações degradadas de famílias carenciadas, recuperação do complexo balnear do Lido e do Canil Municipal no Vasco Gil, remodelação da ETAR, Plano Diretor Municipal. Abstiveram-se na Estratégia Local de Habitação. Até as bolsas para o ensino superior, foram apelidadas de “Bolsas a pataco”!

Apesar de todos os constrangimentos, as coligações Mudança e Confiança conseguiram identificar a habitação como uma das chagas da Cidade, deixando aos próximos executivos uma herança positiva e promotora do bem-estar da população. Deixaram:

Uma redução enorme da dívida, situando-a na casa dos 28 milhões €;

Uma Estratégia Local de Habitação com financiamento garantido de 29 milhões €, para construção de 202 fogos no Funchal;

Um projeto habitacional pronto na zona dos Barreiros, 30 fogos;

3 complexos de habitação social nas freguesias de S Pedro e de Sto António, construídos com recurso a financiamento da própria Câmara, 66 fogos;

Subsídio Municipal ao Arrendamento e apoio para a reabilitação de casas degradadas já a funcionar;

Apoios variados na área social e da educação, permitindo folgas mensais nos orçamentos das famílias.

Duas heranças. Duas visões diversas da política e do respeito pelas pessoas.

O PSD ao longo de 50 anos na RAM tem usado a mesma estratégia: empurrar os problemas para a frente. Criar teias de interesses, em que se funde e confunde o partido com a Região, nunca colocando o bem da população no topo das preocupações. Atacar quem critica, acusando as pessoas de anti- autonomistas, ignorantes ou mentirosas. Criar mantras que retiram capacidade crítica a quem ainda a tem, ampliados pela comunicação social. Queixam-se de ver a RAM ser fonte de gozo perante todo o País. Suspeitas de corrupção, partidos políticos que vão à RTPM mostrar o seu vazio e mesquinhez, governantes e dirigentes do PSD indiciados, que ainda exclamam que se estão a borrifar para comissões de inquérito e para instituições da democracia, pessoas que não se demitem, mantendo-se a todo o custo no poder. Um ambiente caduco e gasto que se está a esboroar lenta e penosamente. Um dia cairá de podre, sem nobreza, nem um pingo de vergonha!

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