MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Médico-Dentista

10/12/2023 07:30

Convém, porventura, começar por referir que nada tenho contra cidadãos brasileiros. Antes pelo contrário. Muito menos se forem gémeas... Até já estive para acolher duas de 20 anos. Só não o fiz porque a minha mulher não deixou! Dizia que tinham muito silicone e, fruto destas alterações climáticas malucas, podiam acabar por derreter. Talvez não estivesse muito errada. Foi melhor assim! Porém, outras duas, bem mais pequeninas, tiveram diferente sorte. Não só conseguiram obter a nacionalidade portuguesa em tempo recorde como receberam um tratamento de quatro milhões de euros! De repente parece um balúrdio, mas, fazendo as contas, as outras deviam ficar muito mais caras. Vá. Não nos percamos em comparações. Cada caso é um caso e, caso se tenham esquecido, eu relembro: não sou xenófobo e reforço que não sou insensível à doença. Porém, e aqui já me podem levar a mal, não sou muito a favor da violação do princípio de igualdade. Não sou. Pensem de mim o que bem entenderem, mas não sou. Até ir ao consultório do pediatra dos meus filhos eu evito. Só vou em último caso e nunca meto cunhas. Jamais, em tempo algum, liguei para a filha dele ou para o genro a solicitar passar à frente. Entro e saio sempre pela porta dos fundos e peço encarecidamente que ausculte os pequenos depressa, lhes meta a espátula na goela a mil, veja os ouvidos de forma célere e, se preciso for, me mande a receita pelo telemóvel. O pagamento? Faço-o pelo mbway e o recibo vem por mail. Quero é pôr-me porta fora para dar lugar a outros sem mais demoras. É que, tal como os meus, os filhos dos outros também precisam dele e merecem consideração.

Talvez por isso me faça tanta confusão perceber que uns são filhos e outros enfiados. Sim, eu sei que a expressão está errada, mas estas duas crianças foram-nos mesmo introduzidas por um orifício bem apertadinho. Caíram-nos no colo! Para além da medicação, solicitaram duas cadeiras de rodas. E nós? Nós, como somos mesmo um país com os braços mais abertos que o Cristo Redentor, demos 4! Sim, leram bem. As meninas são duas, mas tiveram direito a 4 cadeiras de rodas elétricas. E isto porque não ligaram ao meu amigo Filipe Rebelo! Senão, à conta das tampinhas, levavam outras 5 ou 6 topo de gama... Ele é assim! Parece que no lugar da perna lhe colocaram outro coração.

Modéstia à parte, e embora vos possa parecer, eu também não sou má pessoa. Só estou é cansado que me mintam! Se o filho do Professor Marcelo meteu uma cunha do tamanho da Amazónia? Quem nunca o fez que atire a primeira pedra. Se os beneficiários pertencem a uma família com posses, cujo avô das crianças é um confesso envolvido na operação Lava Jato que recebia milhões de euros nunca facturados? Sim, mas e depois? Como diz o brasileiro que fala inglês: shitisse happenis - são coisas que acontecem.

O que não devia acontecer, mas aconteceu, foi o que veio a seguir. Uma série de mentiras e omissões como, por exemplo, o desaparecimento dos pareceres dos médicos. Ou o curioso e escondido facto de que fora o Secretário de Estado da Saúde de então, Lacerda Sales, a mandar avançar o processo e, quando questionado, ter parecido o Salgado e de pouco ou nada se lembrar. Isto entre outras “cenas” que nos conduzem a um vazio que não nos permite perceber quem pediu o quê a quem... Apenas sabemos, e porque isso é inegável, que se escancarou mais um pouco a porta que nos permite ver a forma embaraçosa, sem decoro e desprovida de moralidade como é gerido este país. E quando me dizem que este assunto já é antigo e só foi trazido a público para desviar atenções, eu ainda coro mais de vergonha. Pois então que briguem todas as comadres... Mas, por favor, contem-nos toda a verdade! Estamos de saco cheio, pô.

Até o novo candidato a líder do PS (e futuro primeiro-ministro, sim porque, segundo as sondagens, mesmo sem candidato continuam a reunir a maior intenção de voto), parece comunicar com meias-verdades. Um dia diz que é neto de sapateiro e passou por dificuldades e noutro reconhece que veio de um meio familiar privilegiado. Em que ficamos? O avô pregava meias solas e engraxava ou fazia sapatos da Gucci por medida?

Por falar em medida, e aquela que foi debatida e levada a votação defendendo que “as escolas devem garantir que a criança ou jovem, no exercício dos seus direitos, aceda às casas de banho e balneários, tendo sempre em consideração a sua vontade expressa e assegurando a sua intimidade e singularidade”? Já estou a ver muito Manel dizer que é Maria para ir cheirar o bacalhau... Também, ao preço a que está o azeite, mais vale mesmo comê-lo com natas!

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