Tinha dito que não escreveria sobre as suspeitas de corrupção que recaem novamente sobre imensos governantes da nossa ilha, mas, ao ler um artigo do observador do passado dia 21 de setembro, decidi que não podia ficar calado. O país esteve durante estes últimos dias a falar sobre os graves incêndios que assolaram o país e quase que o caso da Madeira passava despercebido não fosse tão grave. Felizmente a imprensa nacional está desperta (mais uma vez) para os esquemas regionais que têm uma única linha condutora, as claras ligações viciadas e imorais entre o PSD-M e o Governo Regional.
Após uma extensa investigação feita pelo MP vieram, novamente, do continente dezenas de inspetores para fazerem buscas e juntar mais meios de prova às que já tinham sido apuradas, nomeadamente escutas telefónicas, que colocaram a nu um perverso esquema de financiamento de campanhas eleitorais, tendo como financiadores os madeirenses através dos seus impostos.
São muitos os indícios, fazendo com que o velho ditado “onde há fumo, há fogo” seja permanentemente relembrado aqui neste pequeno território insular.
Para já, sabemos que um presidente de câmara, um ex-secretário regional, entre outros nomeados pelo poder político, juntamente com empresários da região, são suspeitos, tendo inclusive passado umas noites na Cancela, até serem ouvidos pela Juiz do processo. Todos eles recusaram-se a prestar declarações! Estaremos perante outro velho ditado “quem cala consente”?
Mas, o tal artigo do Observador, que me levou a escrever este artigo de opinião, vai muito mais longe, descrevendo uma reunião que despoletou este processo, nos corredores da Quinta Vigia, residência oficial do Presidente do Governo, no dia 6 de janeiro de 2023, com a presença de Miguel Albuquerque, do seu Chefe de Gabinete na época (visto junto ao tribunal a ver os seus companheiros de partido a serem levados perante a Juiz) e o principal empresário desta operação. Combinado o esquema, os peões foram colocados no terreno, e lá foi novamente o PSD para as campanhas eleitorais com uma vantagem gigantesca face aos restantes partidos, a gastar e a oferecer o que não era seu.
Para azar dos azares, durante as buscas da semana passada, o Observador refere que foi encontrada nas instalações do empresário a documentação da contabilidade paralela com o deve e o haver entre o subfaturado ao PSD-M e o que teria de ser sobre faturado ao Governo Regional. Um dos exemplos que referem é o de que teriam sido gastos 263.000€ em brindes para o PSD, mas a empresa terá faturado apenas 23.000€, devendo ser o restante pago através de adjudicações ao Governo Regional, ou seja, pago por todos nós! Coisa pouca!
Nesse mesmo jornal ficámos a saber que entre os próximos implicados estarão os Secretários Regionais Pedro Ramos, Pedro Fino e Rogério Gouveia (só não o foram agora porque gozam de imunidade), sendo o caso deste último ainda mais grave, pois é tão só o responsável pelas finanças da Região.
Nessa reportagem há muitos mais pormenores, que passam inclusive pela aquisição de serviços de um DJ para a festa de uma secretaria regional, a aquisição de brindes de natal e até dinheiro entregue em mãos a uma das suspeitas. Enfim, muita matéria que demonstra que o regime está podre e que é tempo dos madeirenses e portossantenses abrirem os olhos e darem o grito do Ipiranga, mandando para a rua quem há muito está mexendo nos bolsos dos impostos dos madeirenses. E não venham com a história de que são todos iguais porque não são! Por fim questiono se, a se confirmar, estes 3 secretários regionais forem constituídos arguidos, se o Presidente da República vai continuar a assobiar para o lado, com meio Governo Regional sob suspeita?