À porta de uma loja do cidadão em Lisboa, mais de uma centena de pessoas construía uma fila que já contornava mais do que o quarteirão.
Este é um cenário que é uma constante vai para mais de um ano. Não foi uma situação esporádica. Não foi um acaso fruto de avaria de qualquer sistema informático ou de alguma urgência inesperada que tivesse levado aquelas pessoas ali.
Não. Isto é o espelho da "normalidade" de funcionamento de um espaço que presta serviços públicos do Estado português.
Estas mais de 100 pessoas aguardavam, antes da abertura de portas para tentarem chegar a uma milagrosa senha. Sim. Esperavam para tentar um atendimento, num dos diversos serviços públicos que lá dentro estariam em funcionamento.
A primeira pessoa havia chegado às nove da noite (sim, leu bem - às 21 horas do dia anterior) e dormiu sobre uns cartões que trazia de casa. Outros, fila abaixo, tinham vindo munidos com cobertores para acolher as suas crianças, que sobre eles dormiam e ainda outras pessoas tinham crianças de colo.
Era um direto, feito para o noticiário da antena um da última terça-feira, faz hoje uma semana.
Os últimos da fila já tinham pouca esperança de conseguir a milagrosa senha, mas ali estavam, resignadas àquela condição, para poderem ter um "serviço público"!
No dia seguinte, num idêntico noticiário matinal, a reportagem era à porta do mesmo serviço, mas no Porto.
Repetiam-se as situações - é um estado de normalidade no Portugal que os socialistas governam, desde 26 de novembro de 2015. Fará 8 anos em breve.
2. Médicos e professores
Esta sexta-feira o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, mostrou-se preocupado com a recusa de muitos médicos em fazer horas extraordinárias, considerando que essa ação pode colocar em causa a resposta aos utentes, que não têm alternativas.
"Estou seriamente preocupado", admitiu Fernando Araújo, comentando o apelo partilhado por muitos médicos nas redes sociais para recusar cumprir, a partir de outubro, mais do que as, obrigatórias, 150 horas extraordinárias anuais.
O protesto "está a tornar-se um movimento inorgânico e depois é mais difícil dialogar" porque não se trata de uma greve em que há sindicatos organizados, que negoceiam serviços mínimos, considerou o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS).
Este excerto, do DN, é bem o espelho da situação grave para que foi conduzido o país, no que toca à saúde.
Percebo a aflição de Fernando Araújo. Mas esta reação dos médicos (que domingo já contava com mais de 1500 a recusarem fazer mais horas extraordinárias) não é mais do que o resultado de uma total incapacidade de diálogo e de resposta por parte do Governo socialista.
Tem muitos meses este braço de ferro e a falta de respostas concretas e de uma demonstração séria e consistente por parte do Governo, de que quer encontrar soluções e está disposto a dialogar com os sindicatos médicos, está a levar ao tal movimento inorgânico.
Na educação, basta reter o seguinte: iniciado o ano letivo, mais de 90 mil alunos tem pelo menos falta de um professor. E podem chegar ao fim do ano letivo sem o conhecer.
Tudo falta de capacidade política! Nada disto se prende com questões técnicas.
É incompetência e desnorte.
É este Portugal a caminho da pobreza e da disfuncionalidade em todos os setores, que parece gostar da governação socialista - e destes belos resultados!