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Artigo de Opinião

30/09/2022 08:00

Se o caro leitor residente no Funchal notou, como eu, um menor reembolso de IRS no ano corrente, tal deve-se ao facto da actual vereação de oposição do Funchal não ter entregue a declaração de participação variável deste imposto referente ao que seria cobrado em 2021. Assim, essa mesma vereação, nessa altura no poder, aumentou a coluna das receitas num ano em que se submeteria a eleições e em que tal era fundamental, face às despesas do "investimento pré-eleitoral". De nada lhe valeu pois, como sabemos, perdeu as eleições, mas o ónus recaiu sobre os contribuintes que arrecadaram 0(zero)% de devolução deste imposto. São essas mesmas pessoas, que insistem em designar-se de "coligação", mesmo após esta ter sido dissolvida, que vêm criticar o actual poder autárquico de não devolver mais imposto do que Pedro Calado já havia regularizado no último exercício, e que aliviará os bolsos dos funchalenses no próximo reembolso. Uma coligação que devolveu zero, que já vale zero (pós já não existe) mas que, em termos de "lata", digamos que rebenta a escala.


O Pedro e Lobo

A 4 de Fevereiro de 1986, no debate para a segunda volta das históricas presidenciais desse ano, Mário Soares levantou por 3 vezes o fantasma do regresso do fascismo caso a vitória pendesse para Freitas do Amaral, recordando a descida do Centrista na Avenida da Liberdade "de braço dado com a Vera Lagoa", acusando-o de "ser financiado pela extrema-direita" e comparando-o ao "Macarthismo Americano". Freitas do Amaral que, recordemos, terminou a carreira política como Ministro de um governo socialista, salvo por uma oportuna patologia nas costas quando se apercebeu do perfil e seriedade do seu chefe de executivo. Como percebemos existe um crónico alarme por parte de boa parte da esquerda, amplificado por alguma comunicação social amestrada e acrítica, que denomina de "extrema-direita" todos aqueles que não ficam emocionados aos acordes da Internacional. Kissinger, Reagan, Mary Whitehouse, Berlusconi, Chirac, Merkel, Sarkozy, Paulo Portas, Passos Coelho, Boris Johnson, com óbvias diferenças entre si, foram em algum momento catalogados de "fascistas", ou de extrema-direita. A banalização deste epíteto tem um problema, eternizado no conto infantil "Pedro e o lobo". De tanto se gritar que "vêm aí os fascistas" ninguém ligará quando realmente estes forem uma ameaça. O histerismo em volta da vitória de Giorgia Meloni, numa Itália em que o muito mais radical e secessionista Salvini foi vice-primeiro-ministro de um governo, e de uma maioria, indultados pela presença de uma amálgama apalhaçada de esquerda chamada 5 Estrelas, parece francamente exagerado. Itália que raramente tem governos com duração superior ao prazo de validade de uma lata de atum. Calma… quando os acusadores são, muitas vezes, idólatras de Lenine e Putin, não podemos deixar de dizer que é preciso ter lata.


Sei o que fizeste no Governo passado

Ouvir Santos Silva acusar "a direita democrata de sucumbir à direita radical para chegar ao governo a qualquer preço", faz-nos lembrar um certo prof. de sociologia que era número 2 do Governo que resultou do acordo que normalizou a esquerda estalinista e trotskista por forma a salvar a "esquerda democrática" e o seu líder de serem atirados para a oposição após a derrota nas urnas nos idos de 2015. Teve o desplante de afirmar que "Merkel, na Alemanha, ao coligar-se com SPD, é a exceção (correcta) que confirma a regra". Para se ser presidente da AR é preciso ter esta lata?

Mas também ouvir Centeno a teorizar que é preocupante que o crescimento económico "se esteja a fazer por via do consumo privado em vez do investimento" é uma mudança abissal relativamente à posição tradicional dos socialistas pré -crise das dívidas soberanas.
E mesmo da narrativa da geringonça, de quem Centeno era Ministro das Finanças. É verdade que o homem está agora confortavelmente como Governador do Banco de Portugal, mas não deixa de ter lata.

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