Aviso já que pode parecer anedota, mas não é. Era uma vez 5 vasilhas tortas. 1 georgiano, 1 argentino, 1 inglês e 2 portugueses. Estes, por circunstâncias da vida a/de que ninguém está livre (embora uns sejam mais propensos do que outros), foram condenados a penas de prisão em Portugal.
O inglês, cumpria pena de 9 anos por sequestro e roubo. Aos 37 anos era já um “cliente” frequente das prisões. Tanto que, segundo consta, foi numa dessas que veio ao mundo.
O argentino, em Portugal desde 2014 era o cérebro de vários planos de assalto a bancos que duravam segundos e renderam, em dois anos, pelo menos 235 mil euros. Só depois de capturado é que as autoridades se aperceberam que tinham em mãos um dos criminosos mais procurados da América Latina.
O da Geórgia cumpria 7 anos por furto, violência, subtração (o meu mais novo começou agora a dar isso na escola) e falsificação de documentos. Tem 42 anos.
O português mais novo, de 34 anos e apelido “cigano”, estava preso depois de anos a semear o terror pelo Algarve com assaltos a residências, ajustes de contas com metralhadoras e afins. Já o mais velho, sexagenário, cumpria uma pena levezinha. 25 anos! Era o líder dos “mosqueteiros” que assaltavam, com armas de fogo, hipermercados e ourivesarias da Região Centro. Resumindo, tudo gente de bem!
Certo dia, numa daquelas 5 horas diárias (2 de manhã e 3 à tarde) que passavam juntos no pátio do resort de Vale de Judeus, tiveram uma ideia. Fugir de lá. Escapulir-se. Como se diz na gíria, ir comprar cigarros e esquecer-se do caminho de volta. Trataram então de traçar um plano. Otários! Então não se está melhor lá dentro?! Pessoalmente já foi coisa que me metesse mais medo. Às vezes dou por mim a pensar que quase já tenho mais amigos do lado de dentro do que do de fora. A sério. Por estes dias precisava de 3 para jogar padel e tive que desmarcar o campo pois não consegui um. Mas isto deve dizer muito mais de mim do que deles...
Adiante, o jovem Fábio, segundo consta, tinha uma vantagem. Era detentor de uma estrutura de apoio no exterior. Tanto que, sem rendimentos por aí além conhecidos, comprava os mantimentos de que precisava na mercearia da prisão e raramente fazia refeições no refeitório.
Já o “russo” argentino, tinha uma rede de contactos no estrangeiro que lhes podiam abrir “portas” depois de saltarem o muro.
O inglês? Não ficava atrás! Este, teria até já oferecido 300 mil euros a quem o tirasse da prisão, diz-se no meio prisional. Para além disso, o menino já tinha fugido de uma cadeia na sua terra natal. Pior, já no nosso país, tinha sido impedido de repetir a gracinha depois de ter partido uma janela e sido apanhado todo coberto de óleo. Como é óbvio, prontificou-se a ajudar. Quanto ao velho português, doutorado em fugas (4 no currículo), este também se mostrou colaborante. Não há como, para além da teoria, ter a prática ao serviço. E o georgiano, perguntam vocês? Pois bem, esse parece ter sido levado no meio da fuga. Apanhou a boleia, desconfia-se. E eu não o condeno!
O que me intriga é a facilidade com que conseguiram dar de frosques. Está bem que, aqui há não muito tempo, também um se evadiu da Cancela. Mas esse foi porque a cozinha estava em obras e ele tinha ido fazer o pequeno-almoço. A caminho da dispensa, enganou-se na porta. Quando deu por si estava na rua. Já em Alcoentre, não. Primeiro dizia-se que o sistema de videovigilância estava inactivo. Depois desmentiu-se. Afinal era um problema de quantidade de câmaras, ao mesmo tempo, para a atenção de uma só pessoa. Falou-se numa demora excessiva para se aperceberem da ausência de tão grande número de “hóspedes”. Questionaram-se as veleidades dadas a criminosos perigosos e seus compinchas. Eu não sei. Não sou ninguém para julgar os outros! Mas uma coisa é certa...
Se algum dia os voltarem a pôr a vista em cima e os quiserem guardar bem guardados, mandem-nos para minha casa. Juro. Eu, não raras vezes, tento sair de fininho.... Abro a porta o mais devagar possível e fecho-a quase sem deixar o trinco dar sinal. Raramente passo do elevador. E sim, já tentei ir pelas escadas, mas até assim não passo do 3.º degrau sem ouvir “Pedro, onde pensas que vais?”.
Ah, e escusam de vir com a ideia de também usar lençóis e pedir uma escada do exterior. Os meus amigos vivem todos num rés do chão e não têm escadas tão altas. Para além disso, a minha mulher, depois deste alarido todo, pelo sim pelo não, decidiu trocar os lençóis de linho (mentira, eram de algodão mesmo) por aqueles descartáveis de papel. Se me pendurar, vai poder passar a gabar-se de ser das únicas que sabe sempre onde está o marido. Vira viúva, pois claro!