Suposto que era sair na passada sexta-feira, dia 2, fui agora fazer as contas, pensado ainda ter uns dias pela frente quando um calor, que suponho idêntico ao de um afrontamento (ainda não cheguei a essa fase), uma onda na barriga como aquelas que sentia quando o meu pai descia a lomba do Livramento, que vai dar à poncha do Piloto e uma baga de suor me escorre pela testa por ter percebido que me escapou o prazo?
Um advogado não tem vida, tem prazo, mas, tudo indica, também é humano e falha, quem nunca? Felizmente este não foi um prazo judicial e as minhas crónicas estão de volta, com um ligeiro atraso, mas de pedra e cal, enquanto assim me permitirem.
Não dou os espaços públicos de opinião por garantidos, muito menos como uma prerrogativa, são uma dádiva que agradeço e zelo. Por isso e por este, obrigada, mais uma vez Maria Filipe.
Olha, o mês de setembro, aquele em que a miudagem volta à escola, nestes dias, no meu tempo era em outubro. Altura de vindimas e figos a cair de podres pelo chão era e é, também, o tempo das "rasteirinhas" como as chama o meu amigo Marco, o tempo das nojentas, das potenciadoras do grito agudo, elas, as mesmas, as próprias, lagartixas. Enquanto os pássaros, esses seres belos e livres desovam na Primavera, estes seres escamosos, rastejantes, de sangue-frio, olhar desconfiado e língua de vizinha acham por bem contrariar e desovar no final do Verão, início do Outono. Está aberta a época do Vira do Minho ou da polka ou o can can, eu como muitas e muitos, abomino lagartixas, ou "galatrixas" ou "largatixas", não me importam quantos erros se deem ao bicho.
Se encontrar uma em cadáver, desvio-me ao largo, não vá ressuscitar, se alguma passa por cima do meu pé, ou pior, podem crer que a buzina que estão a ouvir não é a sirene dos bombeiros a informar o meio dia ao sábado na baixa do Funchal.
Se me virem a correr e perguntarem porquê, decerto foi um encontro imediato de 1º grau com as nojentas e eu dei à sola, como aquela vez que os meus pais me encontraram correndo a caminho da casa da minha tia e quando perguntaram para onde ia com fogo no rabo respondi: está uma lagartixa no carregador do meu telemóvel, no quarto. Sim, eu colocava-me a uma distância segura de, pelo menos, dois Kms, que eu não confio em seres rastejantes, de olhar desconfiado, língua bifurcada e barriga albina.
Só de pensar já me deu um engulho.
Quanto às minhas crónicas, como a carta que o soldado no Ultramar mandou à sua amada: "escarrapachei-te na minha alembradura". PS - Era para mandar uma nota de um conto, mas já tinha fechado o envelope.
Até a próxima!