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Artigo de Opinião

14/05/2021 08:03

É no mundo dos afetos que nos desenvolvemos, que existimos e temos a possibilidade de eternizar a nossa existência. Somos mais do que um mero código genético, vamos muito além das nossas competências cognitivas. Somos acima de tudo, produto da relação emocional com o outro, que nos permite desenvolver competências essenciais para a nossa vida.

Flores, dão-se em vida! inicialmente soando como uma mera banalidade, fui ouvindo desde cedo de uma Avó, que no tempo ganhou forma, emergindo gradualmente o seu conteúdo carregado de significado. Num mundo fogaz, onde consumimos o tempo quase sem o saborear, é importante selecionar o que tem de facto tem mais valor, vivendo o “hoje”, que é o mais certo que temos.

Será preciso perder para valorizar? Porque é que os elogios só se afloram num post mortem?

Recebemos flores por uma vida inteira quando não as podemos olhar, cheirar e apreciar... passamos todos a ser “excelentes pessoas” (após a morte) - Tudo quase certo.

E se vivêssemos mais o “agora” que o amanha poderá rapidamente passar a “passado”?

As “flores” podem assumir varias formas. Valorizar e usufruir os nossos, é a melhor herança que podemos deixar a quem fica e levar de quem vai. É numa reciprocidade fluida com quem partilhamos a nossa história, que vamos dando sentido ao nosso caminho, porque sozinhos, somos muito pouco.

As relações são fundamentais na nossa existência, relações permanentes e seguras, que não têm de provar pela constante presença, mas sim pela sua estável referência - que onde quer que estejamos, saberemos sempre quando e onde as poderemos encontrar.

A paixão pela vida constrói-se, absorvendo e aceitando o que de melhor ela nos dá. A sorte não será apenas fruto do acaso, muita dela, reflexo de um conjunto de ações no tempo e da forma como aceitamos e integramos o que nos vai sendo destinado.

Sem receio de tropeçar, num percurso com alguns socalcos, que nos permite conhecermos mais de nós e dos outros, seremos sempre mais felizes se olharmos o puzzle da nossa vida, focando mais as peças que lá estão, aceitando e conferindo sentido às que nos faltam.

Por muito que avance a ciência e a tecnologia, o valor imensurável das pessoas e das relações humanas, dificilmente será alcançado. Um sistema humanizado, será sempre um sistema mais forte e equilibrado, com impacto positivo em tudo o resto. A humanização começa em cada um de nós, todos somos parte essencial nesta construção.

Viver habitando o presente, usufruindo o caminho, valorizar quem nos acompanha, são premissas essenciais.

Porque o “hoje” é tudo o que temos, e sozinhos no mundo, somos muito pouco.

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