Claro que o Dia da Criança, deverá ser dedicado aos nossos mais pequenos com oferta de brincadeiras e pura diversão, mas para nós adultos é imperativo que seja um dia de reflexão e não só, meramente, um dia para deixar crianças felizes com brinquedos.
Falemos do Direito à Saúde. Do seu direito, segundo o artigo 24 da Carta de Direitos da Criança, a gozar do melhor estado de saúde possível e a ter acesso a alimentos nutritivos.
Será que estamos a suprir as nossas crianças de alimentos nutricionalmente equilibrados? Será a publicidade nos media, no que concerne à alimentação das crianças, a mais adequada? Será que o estado e as escolas, promovem e oferecem às crianças a melhor nutrição possível?
São tantas as questões que se colocam. Já por aqui falei, diversas vezes, que os 1100 primeiros dias de uma vida são fundamentais para alinhavar um futuro de melhor saúde. Desde a pré-concepção até aos 2 primeiros anos de vida, optarmos por uma alimentação equilibrada e com muito poucos alimentos processados é, fundamental, para suprir, os mais pequenos, de uma imunidade digna e de "um bom bico" para a comida que realmente interessa. Por isso, mais uma vez, apelo: Queremos a melhor roupa, os brinquedos mais caros, então porque não a melhor nutrição, cujo impacto ainda é mais importante? A história do "Eu vou comer o que quiser e … eu sempre comi doces e nunca fiquei mal ou doente" não pode ser a desculpa para não cuidarmos de nós e dos pequenos. Não falo da boca para fora. O apelo à boa nutrição para um bom futuro em saúde, está estudado e comprovado!
Já quanto aos media e publicidade, sabiam que segundo a Direção Geral de Saúde (DGS), 81% dos alimentos promovidos, em Portugal, através de publicidade digital não cumprem o perfil nutricional da DGS? Ganham, neste ranking, os refrigerantes e as refeições prontas a consumir. Ou seja, já não basta existirem muitas famílias adeptas de fast-food, ainda se "alimentam" os miúdos com este tipo de publicidade. Ainda me lembro, que na Dinamarca, quando participei por lá no programa ERASMUS, em 2005, existiam regras para a divulgação publicitária para géneros alimentícios. Eram muito poucos os anúncios no género que "passavam na TV". Não seria má ideia adotarmos algumas medidas, em Portugal, pois não?
Quanto às escolas, sejam públicas ou privadas, o papel deverá ser educador. As crianças têm o direito ao acesso a alimentos nutritivos, a uma alimentação completa e variada. Então porque é que em alguns casos se beneficiam os que comem menos bem, em detrimento dos que comem bem? Porque é que vamos dar, na escola, um iogurte açucarado a uma criança que, em casa, sempre comeu natural e gosta! Qual é a lógica? Já ouvi várias vezes, a explicação: "os meninos só gostam de chocapic e estrelitas" ou "se o iogurte for natural, os meninos não querem" ou "as refeições principais têm de incluir algum frito porque, para os pais: "- coitadinhos dos meninos"". Caramba! Qual é o papel da educação? Eu sei que, este assunto é sensível, mas é o dever da escola cuidar o melhor possível da alimentação das crianças! Algo tem que mudar! Os pais que não concordam, têm de mostrar abertura para aprender, compreender e tentar mudar!
Podia me alongar tanto neste assunto...
Para finalizar, digo-vos, é um orgulho, nos festejos do dia da criança, chegar ao shopping e perguntar ao meu filho: "- Queres um hambúrguer e batatas fritas?" e ele responder: "- Mãe, quero a massinha às cores com carne moída e ervilhas!! Eu: "E um gelado?" Ele "- Quero fruta". (PS - ele também come gelados e hambúrgueres, só que, muitas vezes, não lhe apetece.)
Feliz Dia Mundial da Criança, todos os dias!