Numa altura em que a Inteligência Artificial (IA) invade as nossas vidas, muitas questões emergem em cada um de nós: o que acontecerá à inteligência humana? Que transformações provocará no Ser Humano? Que transformações na Escola e na aprendizagem? Serão os professores substituídos pela Inteligência Artificial? Entre muitas outras.
Na minha procura por aprender mais sobre esta temática, encontrei a excelente palestra do Professor António Dias Figueiredo, sobre ‘O Ser Humano na Era da Inteligência Artificial’ (que recomendo vivamente a quem partilha as minhas preocupações) deparei-me com um conceito de John Naisbitt que reforçou a minha crença. O conceito é ‘High Tech calls for High Touch’, que adotei como título deste artigo. Ou seja, a alta tecnologia apela à forte humanização. Afirma que ‘[O]s avanços mais emocionantes do século XXI não ocorrerão por causa da tecnologia, mas por causa de um conceito em expansão do que significa ser humano.
O desafio da Educação será sempre tornar central o Ser Humano, formar pessoas mais humanas. Ajudar os jovens a aprender os conceitos científicos e as competências relacionadas com áreas científicas, mas também competências essenciais na Era da IA, como sejam, o raciocínio, a criatividade, a colaboração, a comunicação, o pensamento critico, a empatia e a ética, ou seja, o que temos de melhor como seres humanos, e que se não forem trabalhados também na Escola (mas não só) tendem a perder-se.
Como fazê-lo? Saindo do paradigma da transmissão para o das metodologias ativas, em que o estudante aprende os conhecimentos e competências científicas, mas também as competências sociais. Na Universidade da Madeira, nos cursos de formação de professores, trabalhamos desta forma, para que os nossos alunos – futuros professores – aprendam como fazê-lo e possam, mais tarde, como professores, transformar esse conhecimento, aprendido no decurso da sua formação superior, adequando-o às realidades que vão encontrar nas escolas, tendo sempre presente que apesar de vivermos num mundo cada vez mais dominado pela tecnologia, é a nossa parte humana que faz a diferença.
Mas não podemos descurar a investigação nesta área, pois deve ser sempre a investigação a sustentar o ensino que se faz no Ensino Superior. A este propósito, nos dias 19 e 20 de março, ocorrerá na Universidade da Madeira, a reunião transnacional do Projeto Europeu SPACES - percurso do aluno para a autoconsciência: competências sociais na academia contemporânea. Os parceiros do projeto vindos de Itália, Espanha, Polónia (líder do projeto) reunirão com os membros do projeto da Universidade da Madeira, para dar continuidade aos trabalhos. O projeto tem como objetivo fortalecer o impacto, no processo educacional no ensino superior, de atividades que promovam a melhoria das competências sociais por meio do desenvolvimento de um conjunto de metodologias e boas práticas para a aprendizagem de competências sociais contemporâneas essenciais. Pretende-se também desenvolver uma ferramenta para o diagnóstico dessas competências.
Acreditamos que a frieza da tecnologia tem de ser compensada pelo calor humano. Os professores nunca foram tão importantes. Precisamos continuar a trabalhar na sua formação, com metodologias inovadoras e com tecnologias de ponta (high tech) mas com muita humanização das práticas (high touch) para que tenhamos sempre presente que a diferença é feita pelo ser humano na era da Inteligência Artificial.