Toda a ginástica orçamental de aparente baixa de impostos e de aumento do IUC fez lembrar os "campeonatos de vendas de jogadores de futebol em Portugal", que mobilizavam fleumaticamente adeptos há alguns anos, mas que mantém o seu nicho de mercado. Quando não se ganhava, vendiam-se os jogadores, numa competição sobre quem transacionava por valor mais alto. Era ver pessoas estimáveis e inteligentes a festejar a venda dos poucos jogadores de qualidade, de punho fechado e cotovelo fletido ao som de um sonoro "yesss", como se de um golo se tratasse, procedendo imediatamente ao somatório de misérias, leiam-se vendas de ativos futebolísticos, como se a bola na rede, dentro das quatro linhas, nada valesse, substituída por um deprimente campeonato dos milhões. Dos jogadores levados pelos tubarões. Tudo rimando com Ali Babá e 40 ladrões. Vendas colossais que não se refletiam no passivo das SAD's, enquanto dirigentes e empresários comissionistas tornavam -se Jet7 empresarial, e os plantéis autênticos desertos de talento. E com os adeptos cada vez mais pobres, bilhetes mais caros, merchandising a escaldar os preços, mas satisfação por ter (alguém n') o clube rico. No caso do défice as coisas tornaram-se um pouco assim. Se as contas públicas forem elogiadas, por entidades mais ou menos independentes… "yesss", de punho fechado e cotovelo flectido, mesmo que seja com contas maquilhadas, país a ser ultrapassado por todo o antigo refugo do leste europeu, e com o bolso do "adepto-contribuinte" cada vez mais depauperado.
Gestão das expectativas
Enquanto do lado de Passos apresentavam -se orçamentos com perspetivas otimistas, para supostamente não assustar (ainda mais) o pobre contribuinte da bancarrota, perspetivas essas imediatamente contrariadas pelo conselho de finanças públicas, Banco de Portugal e comissão europeia, obrigando o governo a ir apertando cada vez mais o cinto ao longo da execução orçamental, o que ajudou a alimentar a ideia de "ir além da troika", o PS sempre fez o contrário. Perspetivas baixas, para que as instituições externas avançassem com números mais otimistas (e realistas) o que fazia aparentar uma maior competência na gestão das finanças públicas. "estes tipos estão sempre a ter melhores resultados do que se espera", pensava o incauto eleitor. Pois… não fosse o governo a baixar artificialmente as expectativas para parecer que tudo era lucro. Um truque antigo que nunca falha. Além disso, com uma mais rápida devolução de rendimentos, dando ao cidadão-trabalhador uma ideia de mais dinheiro no bolso, encavalitou-se nas cativações, na ausência do investimento público, numa paupérrima execução orçamental, e na deterioração dos serviços, como contrapeso nas contas públicas para essa abertura de porta-moedas. No fundo, a negação da visão socialista democrática da economia e da sociedade. Mas, politicamente, foi brilhante, tal como o foi a gestão da retenção na fonte do IRS. Nos anos anteriores aos atos eleitorais, uma maior retenção, menos dinheiro nos bolsos, para em ano eleitoral juntar uma menor retenção, com maior salário aparente, a que se acresce o jackpot do reembolso, resultado da ultra retenção do ano anterior. Parece que, de repente, apetece dinheiro por todos os lados! Estes tipos são absolutos profissionais. No caso do IUC, apostaram mais uma vez mais no campeonato dos milhões, julgando que tirando aos pobres, mas dando-lhes umas migalhas que estes nem comem (pois maioria nem sequer paga IRS) iria agradar a quem realmente suporta os governos: a classe média. Mas a verdade é que esta está cada vez mais "engasgada" em taxas, taxinhas, numa carga fiscal que já passou a peso bruto. Vai correr mal.