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Artigo de Opinião

4/09/2024 07:40

Em democracia o valor da liberdade de expressão é intrínseco ao próprio regime democrático. 50 anos depois do 25 de abril já só os mais velhos se lembram do significado do lápis azul que, na mão do censor, tudo riscava desde que cheirasse a sublevação, a sensualidade, a desafio ao regime vigente. Atualmente parece-nos impossível que tudo o que saía nos jornais, no teatro, na literatura, no cinema tivesse de passar pela censura antes de ser publicado. Mas aconteceu.

Não vivendo já num regime ditatorial continuamos a assistir, por parte do governo laranja, à tentativa de controlo da mensagem que se pretende passar, seja ela verdadeira ou não.

Qual Elon Musk da rede “X”, Miguel Albuquerque e os seus apaniguados tentam controlar o que deve ser ou não noticiado, na lógica de construir uma realidade paralela, digna dos Ficheiros Secretos (série de ficção científica dos anos 90, com dois sedutores agentes: um masculino, Fox Mulder, e outra feminina, Dana Scully). Esta tentativa de manipulação da realidade foi notória na comunicação dos terríveis incêndios de agosto deste ano. Desde o desviar das atenções com a mensagem de que tinha sido fogo posto, ao conceito do sucesso absoluto da “estratégia” escolhida para o seu combate (leia-se, deixar arder que é só mato, não poder usar-se aviões tipo Canadair num momento, anunciando a sua chegada horas depois, etc), até às afirmações de que todos os fogos estavam extintos, não sendo necessário enviar meios de combate para o terreno, quando a população da Ponta do Sol não parava de lutar contra os incêndios, no seu concelho. De tudo ouvimos e lemos.

Parece que o PSD-M decidiu copiar (só que mal) a campanha de Kamala Harris nos Estados Unidos da América: “Joy (alegria)” contra “Fear (medo)”! Atentemos nas estratégias:

· Usar 25 incêndios no currículo como medalha de mérito, sem perceber que isso é uma nódoa profunda. Para o presidente do Governo Regional, este é um indicador garantido de sucesso e competência, mesmo que esses acontecimentos se repitam de forma sistemática e nada se aprenda com eles. Joy!!!

· Não querer saber da sustentabilidade do território que se gere, apostando-se no desenvolvimento desenfreado, numa lógica de o último fecha a porta, que eu já me servi. Verifique-se como os governantes e deputados do PSD-M insultam quem pensa de forma diferente e luta para mudar o estado das coisas. É tão Joy!!!

· Gerir incêndios a partir do Porto Santo, devidamente instalado numa chaise longue, beberricando líquidos hidratantes ou não e refrescando-se nas tépidas águas balneares daquele paraíso. Definitivamente Joy!!!

· Fazer propostas iguais às do PS, mas que se chumbaram anteriormente, para mostrar serviço, como fez o CDS. Fica bonito e não dá trabalho nenhum. Joy!!!

· Tentar controlar a oposição usando os termos anormal, incompetente e canalha e afirmando que felizmente não ganharam as eleições, como fez Pedro Ramos, para que a população se sinta constrangida e tenha receio de participar na vida política da RAM. Fear!!!

· Usar mimos como abutres políticos e treinadores de bancada como fez o Presidente do Governo Regional durante os fogos de agosto, para tentar calar as vozes da oposição que se levantaram contra o “deixar arder”, numa tentativa clara de condicionamento da crítica livre que deve ser natural em democracia. Sempre Fear!!!

E é entre estas supostas ideias chave controladoras da realidade que vamos vivendo politicamente na RAM. Alternando entre Joy e Fear, até à derrota final!

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