O livro explora o tema da solidão nas sociedades atuais.
Solidão que nada tem a ver com isolamento social ou ser uma pessoa solitária, mas com o sentimento de que não se tem os relacionamentos de que se precisa. Sentir-se abandonado e só, estando rodeado por outras pessoas. Em que o sentimento de pertença, proximidade, confiança, afeição de familiares e amigos e da comunidade não existe.
A pesquisa refere que a solidão tem impacto na saúde física e mental das pessoas e é uma questão de saúde pública.
O autor argumenta que no mundo moderno existem forças complexas que contribuem e reforçam a solidão e para melhor compreender o fenómeno da solidão nas sociedades atuais colocou algumas questões.
O que levou, exatamente, ao desgaste dos relacionamentos na comunidade? Que outros aspetos da saúde e da sociedade são afetados? Como podemos criar relações mais fortes e duradouras e aceitar que todos nós somos vulneráveis?
Começa por afirmar que a tecnologia nos aproxima, mas também isola; a mobilidade encurta as distâncias, mas também nos desvincula da comunidade onde nascemos e crescemos; temos a oportunidade de realizar os nossos objetivos pessoais e profissionais, mas negligenciamos as relações pessoais.
Apesar de cada vez mais se falar em saúde mental, todos estes fatores associados ao desenraizamento, às barreiras de linguagem, à perca de identidade e às diferenças culturais, exacerbam ainda mais a solidão.
As novas tecnologias, como as redes sociais, têm sido associadas, também, a maiores níveis de solidão. Para além de fomentarem a cultura da comparação e o discurso do ódio, estimulam a distração e cria a falsa ideia de multitarefas.
O autor refere que a forma de cada indivíduo experienciar a solidão é relativa e que é influenciada pelas normas sociais e necessidades individuais tratando-se, por isso, de uma questão cultural. Para isso, faz a comparação entre os países do sul da Europa, em que os laços familiares e comunitários são mais fortes e menos pessoas vivem sós e os países do Norte da Europa, em que a situação é inversa. Daí que, uma pessoa que viva só em Portugal ou em Itália poderá sentir-se mais só e com o sentimento de falta de pertença, do que uma pessoa que viva na Suécia ou na Noruega.
Defende que ao individualismo, fortemente presente nas sociedades atuais, tem que dar lugar à comunidade e ao grupo, como forma de promover as relações sociais, sem prejuízo das liberdades individuais.
Muitos dos problemas que as sociedades enfrentam atualmente - consumo de álcool e outras drogas, violência, depressão, ansiedade e ataques de pânico, assim como os extremismos políticos - são agravados pela solidão e a ausência do outro.
Reforça que somos seres sociais e que a solidão ameaça a saúde e a felicidade de cada indivíduo.
A ironia, diz, é que o antídoto para a solidão é também uma condição humana universal. Somos programados para nos relacionarmos - quando nos reunimos à volta de um propósito ou de uma situação de crise comum - e que a forma de ultrapassarmos a solidão é construindo relações significativas.
O epicentro da solidão é o nosso desejo de nos relacionarmos com o outro. Fomos forjados para nos envolvermos na comunidade, para criar laços, para nos ajudarmos e partilhar experiências.
Para isso, o autor, sugere quatro estratégias para superar a solidão:
1) Passe mais tempo com as pessoas que gosta;
2) Foque-se no outro, estabeleça contacto visual e ouça genuinamente;
3) Conheça-se a si próprio através da meditação, da música, da arte e de atividades ao ar livre;
4) Ajude e deixe-se ser ajudado. Ajudar o vizinho, fazer voluntariado, oferecer um sorriso, pedir conselhos, lembra-nos do nosso valor e propósito na vida.
Partilhar e estar com o outro é a chave para resolver muitos dos problemas pessoais e sociais que enfrentamos hoje e porque, afinal, juntos somos melhores!