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Artigo de Opinião

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19/07/2023 08:00

Era eu ainda uma criança e um dos sons mais caraterísticos de que me lembro era ouvir, ao longe, no caminho do Terço, uma carrinha com um altifalante que passava e gritava: "galinhas amarelas"… O homem anunciava a venda de galinhas e vivas, sendo que esta zona alta do caminho do Terço, eu vivia no caminho do Meio, era um limbo entre a ruralidade e a urbe já metropolitana.

Nesse tempo, lembro-me que havia todo uma parafernália de vendedores ambulantes, desde aqueles que vendiam móveis e que passavam depois, mensalmente, para receber as suas prestações, o padeiro que passava com um pão que era uma espécie de papo-seco gigante, eu adorava comer um bocadinho com o doce de amora que se ia apanhar nas silvas.

Também havia o homem do peixe, "o pesquito", regionalismo para peixeiro, que trazia o peixe e arranjava naquele preciso momento, e se fazia anunciar, com sotaque de vila piscatória, com o pregão "Ó ‘charros, cavalas, espadas», e havia aquele que trazia as hortaliças e fruta incluindo os que vinham do Curral vender amoras de silvado, ao adelo, que revendia roupas, até, aos amola-tesouras, também conhecido pelo «espanhol», porque provinham, normalmente, da Galiza, e tantos outros.

O leiteiro, confesso que é aquele que menos me recordo, apesar de ainda ter uma ligeira imagem das vasilhas de vários tamanhos, incluindo o canjirão para fazer as medidas ao gosto de freguês.

Aquele de que mais me recordo era o Sr. Gilberto, que trabalhava na venda do Sr. Marcos, que subia e descia o Caminho do Meio com uma cesta que levava as compras das pessoas do sítio, era um homem incansável e de tanto acarretar ficou com uma "giba".

Atualmente, muitos possuem carros, deslocam-se em autocarros mais ou menos confortáveis ou utilização de qualquer tipo de aplicação para efetuar as suas compras, e todas estas profissões desapareceram.

Já ninguém compra galinhas amarelas, anunciadas num qualquer altifalante, já ninguém espera que uma carrinha nos leve o peixe arranjado a casa, pois a vida mudou, já não temos as avós em casa. As casas são dormitórios ou quase casas de fins-de-semana, pois é lá que se passa o fim-de-semana… Tudo mudou.

Post Scriptum: Na minha última crónica, escrevi sobre o Marítimo e fui esclarecido pela direção do clube já que escrevi baseado no que foi publicado na comunicação social. Dessa forma, de acordo com a direção a transferência da tribuna do estádio custou não 1 milhão, mas sim 250 mil euros. A venda da SAD por parte do clube é apenas de 40% e não como posso ter induzido que seria de 90%. Atenção, esclareço que em nenhum momento duvidei do maritimismo de qualquer elemento da direção.

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