O valor estimado para a obra, segundo se diz, rondará os 150 milhões de euros; em boa verdade desconhecem-se os estudos que levaram a esse número astronómico, até porque só lá para 2024 é que estarão prontos.
Mesmo assim e considerando a falta de informação há coisas que saltam à vista:
A questão que agora se coloca, relativamente à Pontinha, é de natureza diversa, mas idêntica do ponto de vista estratégico. Será que as gerações vindouras nos vão perdoar que adiemos, aquilo que mais tarde ou mais cedo terá de ser feito, para mais com financiamento garantido, caído do céu?
Todavia, a questão financeira não pode ser descurada, e lá por ser acomodável no PRR não quer dizer que se tenha de esbanjar recursos como costumam fazer os governos do PSD.
O custo da empreitada tem de ser razoável, bem explicado e ainda melhor escrutinado. Agora não posso afirmar algo parecido com o que Durão Barroso disse em campanha eleitoral, há bem mais de uma década, a propósito do "falecido" aeroporto da OTA, em que prometeu "…não construir o aeroporto enquanto houvesse crianças em lista de espera nos hospitais." Há coisas que não têm nada a ver com outras e nem os financiamentos são compagináveis, digo eu.
Já a Fábrica das Algas do Porto Santo suscitou uma Audição Parlamentar para que o Eng. Francisco Tabuada, Presidente do Conselho de Administração da EEM, fizesse luz sobre o que está, de facto, a acontecer com aquela, que muito prometeu e nada deu.
Nessa ocasião e sem rodeios, deu nota dos mais de 45 milhões de euros gastos nesse investimento que visava transformar o Porto Santo numa "Fossil Free Island", quer isto dizer que a ideia era que a central termoelétrica daquela ilha passasse a consumir biocombustível derivado das ditas algas que por sua vez eram produzidas absorvendo as emissões de dióxido de carbono da central existente.
Constatou-se que a produção de biomassa era residual e que não dava, sequer, para alimentar a infraestrutura e assim o sonho, virou pesadelo, que custou uma fortuna e que não serviu para nada. Foi um dos maiores investimentos deste tipo em toda a Europa, imagine-se.
Caída em desgraça a famigerada fábrica vai produzindo componentes para as áreas da indústria farmacêutica, alimentar e da cosmética (não se conhece o volume de faturação), enquanto espera pelo lançamento de um concurso público internacional para alienação da maioria do seu capital social. Francisco Tabuada reconheceu também que a EEM não tem competências para gerir semelhante investimento e que apenas se deve concentrar na produção e distribuição de eletricidade. Regista-se a objetividade.
Enquanto isso os seus 44 trabalhadores vivem numa incerteza permanente. Erros de palmatória cometidos durante mais de quinze anos, resultantes da megalomania dos governos da altura que foram sendo, também, caucionados por Miguel Albuquerque. Um autêntico desastre.