Foi, há 45 anos, que o então Secretário do Turismo, Dr João Carlos Abreu, se lembrou de erguer um mural onde as crianças pudessem ir depositar flores... A ideia era que isso se traduzisse num sinal, dado por elas, de esperança e crença por um mundo melhor! Até aqui nada de mal. Antes pelo contrário. É que se tem continuado no cartaz das festividades até hoje, é porque a sensação de que precisamos mesmo de melhorias é inquestionável. E até digo mais. Proponho que, ao invés de muro, se altere para paredão. Com espaço para cruzes de alecrim e tudo... Irra!
É que isto vai de mal a pior. Não saímos de uma que não entremos noutra. E não, não estou a falar de festas. Essas também já se sobrepõem, mas não me referia, de todo, a isso. Reparo é que ainda há dias fomos a eleições e, de repente, já estamos novamente em período de campanha. Sim, sim, pode ser floreada, mas não deixa de ser campanha. (Por mais que digam que as medidas que andam a tomar, ainda que em gestão, não são “eleitoralistas”).
Vejamos, aqui há mais de uma década de anos, o Governo Regional decidiu fechar as urgências noturnas da Ribeira Brava, Santana e Porto Moniz. E fechou! Na altura, que é como quem diz: no tempo do velho senhor, o governante mor - de seu nome Alberto João Jardim - veio a terreiro justificar o encerramento com o facto de que “mais de 90% das urgências, à hora a que foram fechadas, eram para curar bebedeiras”. Lindo. Merecia um brinde! E embalado, prosseguiu: “Não vamos pagar horas extraordinárias durante toda a noite a médicos, enfermeiros e técnicos de saúde porque há uns indivíduos que resolvem tomar a bebedeira de vez em quando”. No fundo, no entender de AJJ, para aquelas bandas eram todos uns alcoólicos e das duas uma... Ou deixavam de beber, ou bebiam mais perto dos centros de saúde que estivessem abertos 24h. Reza a história que a população não apreciou e começou a demonstrá-lo, de forma lúcida, nas urnas.
Quem veio atrás, ainda ousou aumentar o período de funcionamento, mas optou novamente por reduzi-lo. A argumentação, essa, desta vez, já não incluía álcool. Consta, portanto, que a ressaca serviu de lição. A razão prendia-se antes com meios (financeiros e humanos). Ou falta deles! E também porque, segundo o Secretário da Saúde, numa visita a Santana em fevereiro de 2023, “o Governo Regional tem tido a postura de construir modelos de resposta que respondam à situação dos seus cidadãos”. Para tal, lembrava que “a Madeira está coberta por três Centros de Saúde que formam um triângulo de segurança: São Vicente, Machico e Calheta”. Convicto, deixou mesmo uma garantia: “Santana está segura no que diz respeito à saúde e está segura no que diz respeito ao socorro”.
Ainda assim, não se despediu sem admitir que tal “não invalida que esta construção do modelo de socorro e da assistência ao nível dos cuidados primários não se altere com o tempo”.
E o tempo foi de sensivelmente 1 ano! Só que não, não mudaram de ideias no que à concepção do modelo diz respeito. Tão pouco reforçaram meios por aí além. Nada disso. Foi antes porque daqui a nada temos eleições e os votos estão cada vez mais raros e é preciso agradar a todos, todos, todos.
Mas há uma coisa que me faz confusão. Será que acham mesmo que lá por eles antigamente cobrirem as casas com colmo, hoje em dia, comem palha!? Não creio. Cheira-me é que vão ter direito a mais um “murro da esperança” e não vai demorar muito...
Terá sido por isso que Medeiros Gaspar bateu com a porta e deixou de ser chefe de gabinete de Miguel Albuquerque? Não faço ideia. Mas se foi, fez com juízo... É que consta que, no jardim da Quinta Vigia são cada vez menos as flores. Sobra adubo, trepadeiras e amores de burro! Uns só fazem bosta. Outras escalam o que lhes aparece à frente. E outros agarram-se a tudo o que lhes pode dar “boleia”. Eu não sei. Nunca lá fui! Mas também quem sou eu para dizer que não é verdade?