Se é verdade que o dever da comunicação social é informar e esclarecer, também não é menos verdade que, por vezes, baralha. Baralha quando informa sem exatidão, confunde quando apenas parte da notícia é real e desinforma quando o que noticia não é, pura e simplesmente, verdadeiro.
Contudo, por mais ou menos que se goste, é a sua função e cabe aos políticos "não pôr o pé em ramo verde". Primeiro, pela mais básica das honestidades e depois por uma questão de ética republicana. Não basta apregoar que se é diferente, convém que, a ser diferente, seja para melhor, o que nem sempre acontece.
Os casos e casinhos, ou são falso-alarme ou trazem à tona os malabarismos, passados e presentes, de quem tem exercido relevantes funções públicas. Uns porque não sabiam, outros porque não se lembram e ainda outros que só se lembram fora de prazo.
Os órgãos judiciários e judiciais têm andado numa roda-viva, bastas vezes a reboque da imprensa, levando tudo à frente, normalmente com entrada de leão e saída de sendeiro.
A investigação e a justiça, neste país, têm tempos muito diferentes. Uns investigam com grande alarido e fugas de informação e inúmeras vezes prendem primeiro e investigam depois, já se viu gente ser detida em direto nas televisões, enquanto outros dormitam nos seus tribunais, nos quais os processos repousam durante décadas, como se a justiça fora de tempo não fosse uma certa forma de injustiça. Já para não falar das "prescrições estratégicas" que deixam a nu as vicissitudes da justiça e dos seus agentes, caso para perguntar de quem é a culpa e quem julga a justiça?
Todavia, é bom não esquecer que o problema da corrupção não é exclusivo do mundo político. Há na administração pública, e até mesmo nos tribunais, gentinha que está atolada em manobras corruptivas e isso também ajuda a compreender as reiteradas quebras do "segredo de justiça", para não falar de outras, só não vê quem não quer.
É verdade que a justiça está de rastos, mas toda a gente sabe que quem anda à chuva molha-se. Quem aceita exercer funções públicas sabe que, mais tarde ou mais cedo, será escrutinado nas suas ações presentes e passadas, devendo, por isso, fazer uma avaliação retrospetiva do exercício dos cargos desempenhados por forma a não ver comprometida a carreira futura, mas isso é um exercício só para quem é, realmente, exigente consigo próprio.
Por outro lado aquilo a que se tem assistido tem servido para aferir sobre quem está de facto agarrado ao poder e que se sujeita ao que for necessário, desde que lá continue, e os exemplos têm sido mais do que muitos, por vezes, até, deprimentes.
Já as claques partidárias ficam possessas se tocam nos seus amos, ao ponto de caírem normalmente num completo descrédito tamanha a vontade com que defendem o indefensável. Cabe a quem vota avaliar e a quem se submete a eleições, primeiro saber se preenche os requisitos e depois se o faz para defender uma alargada maioria ou uma qualquer minoria absoluta.