Se é verdade que vivemos e sentimos o Natal como ninguém, também o é que esta Época não pode nem deve ser vivenciada por todos da mesma forma. Arrisco-me até a dizer que parte da magia do Natal reside mesmo no facto de poder ser sentido e vivido em todas as latitudes, seja inverno ou verão. Porque o Natal é, mais do que o resto, emoção.
Mesmo dentro da nossa Região existem nuances na forma de vivenciar e assinalar a Festa que podem e devem ser respeitadas para que se possa manter a verdadeira essência desta Quadra.
Em qualquer parte da Madeira ou do Porto Santo, Natal são as missas do parto, os arranjos de sapatinhos, a carne de "vinha e alhos", as searinhas, a escadinha e o musgo. Noutras paragens, o Natal não é isso, mas a essência mantém-se, sobretudo porque, em todas as latitudes, Natal é união, família e partilha.
Apesar dos fatores em comum, que caracterizam a quadra natalícia dos madeirenses e porto-santenses, Natal no Porto Moniz não pode nem deve ser igual ao Natal do Funchal, da Calheta, de Santa Cruz ou da Ponta do Sol e não pode por várias razões: porque as pessoas não são iguais, porque as condições climatéricas não são iguais, porque não é preciso que tudo seja igual para ser sentido o verdadeiro espírito da quadra.
No Porto Moniz, o Natal não é Noite do Mercado. Aqui, o Natal passa, por exemplo, pela montagem da árvore de Natal no Aquário da Madeira. Porque não podemos inventar o que não temos e desvalorizarmos o que nos carateriza e faz parte de nós ao longo de todo o ano.
No Porto Moniz, esta quadra não se assinala com a Aldeia Natal. Aqui, o Natal passa, por exemplo, pela montagem de uma árvore ecológica composta por cerca de 1300 garrafas de plástico, numa conjugação perfeita entre tradição e consciência ambiental que põe à prova uma autarquia onde mais do que recursos há engenho e arte.
Nos jardins do Porto Moniz, em vez de darmos primazia às típicas Manhãs de Páscoa (não porque delas não gostemos, mas porque sabemos que o mar do Norte não se compadece com decorações elaboradas e requintadas), recorremos às paletes, aos pneus, aos toros de madeira, ao que possa resistir às intempéries e, dessa forma, ajudar-nos a lembrar e a celebrar, de forma criativa, o Natal.
No Porto Moniz, o réveillon não é sinónimo de toneladas de fogo a rebentar. Aqui, a passagem de ano é vivida com a calma e serenidade que nos carateriza todo o ano, mas isso não invalida que, há meia-noite, não se ouça o estalar dos foguetes que anunciam a chegada de um novo ano. Não são muitos, é certo. Poderiam ser mais se o Governo Regional tivesse outra sensibilidade no que diz respeito à distribuição do investimento em épocas festivas, mas, ainda assim, com verbas exclusivamente da autarquia, não deixaremos de dar as boas-vindas ao novo ano.
Digam o que disserem, o Natal não se faz de prendas, faz-se de afeto, de presença, de união e de partilha e, este ano, que viverei o primeiro Natal sem a presença do meu pai, acentua-se em mim a valorização do papel da família na celebração desta quadra.
Um Santo e Feliz Natal para todos, com desejos de que o Menino Jesus seja o maior protetor da felicidade dos vossos lares.