MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Professor

29/07/2024 08:00

Toda a Madeira vibra de agitação turística. Um fenómeno crescente, rápido, algo surpreendente, resultado de vários fatores internos e externos, económicos, sociais, climáticos e até geopolíticos. Os transportes aéreos, as modernas infraestruturas regionais, a beleza e a segurança da ilha conjugaram-se para resultar num destino turístico de primeira linha mundial. Combinando finalmente em números a fama de pérola que vinha de longe. Os prémios alcançados falam por si. Toda a ilha fervilha de animação e cosmopolitismo. De tal modo que o crescente número de turistas nacionais se dilui na multidão de visitantes. São tantos os não naturais do arquipélago, turistas, imigrantes ou residentes ocasionais, que transbordam do Funchal e arredores para todas as vilas e cidades.

Nesta onda, Machico está a virar uma urbe a sério. Em oitenta e cinco, quando foi elevada, de cidade tinha pouco mais do que o nome. Só na primeira década deste século ganhou dimensão e qualidade urbanística quando viu nascerem os equipamentos citadinos adequados, que fizeram jus ao título recebido. Com a recente avalanche de gente nova, agora sim, Machico está a completar o processo de passagem de vila para cidade. A sério.

Há sempre quem se queixe, quem queira mais e melhor, quem não perceba que os poucos minutos que separam Machico do centro do Funchal impedem, por falta de escala, ombrear com a capital que concentra o grosso das atrações regionais. Na cultura, animação, divertimento noturno ou comércio. É assim, porque é no Funchal que se reúne o grosso da população madeirense e o maior número de visitantes. E porque as novas estradas da ilha encurtaram as distâncias e o tempo de viagem.

Mas Machico, mesmo sem grandes novidades nestes últimos mandatos autárquicos, apesar de sucessivos e repetidos anúncios mediáticos, mesmo assim, está pujante. Basta percorrer o centro da cidade para perceber isso. Com o verão, então, tudo parece ganhar dimensão. As praias de areia, os calhaus, as piscinas marítimas, desde a mais bela baía, passando pelo Caniçal e até ao Porto da Cruz, são de qualidade invejável, duma beleza ímpar e ganharam um aliado de peso, o tempo. Aquele vento persistente, constante e fresco de nordeste suavizou. Dizem ser o efeito das alterações climáticas, da deslocação do anticiclone dos Açores. Certo é que, na costa norte, o vento abrandou, nos últimos anos, e o calor do verão chama-nos para a beira mar.

São as praias, o galopante número de alojamentos locais, os amplos espaços de estacionamento, de lazer, de comércio e serviços, de cultura, de desporto, integrados numa robusta malha urbana, que vão dando novo impulso à vida da cidade. Um estímulo que não seria possível sem este boom de visitantes. Sem o novo tipo de turismo que procura a Madeira.

Mas, sendo certo que a quantidade não é amiga da qualidade, Machico, as suas autoridades, estão obrigados a uma atenção redobrada. Para manter um bom calibre na oferta é preciso algum rigor na gestão dos espaços públicos, alguma firmeza na organização dos eventos de modo a satisfazer os interesses dos particulares, dos comerciantes, sem estragar ou afetar o interesse público. Daí algumas observações. A começar pela necessidade de maior rigor e disciplina no licenciamento de barracas e barraquinhas, quiosques e pequenos balcões em toda a frente mar da cidade, em praças e miradouros, em todos os pontos turísticos do concelho. Porque, o que se passa ultrapassa o limite do razoável.

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