Inesperadamente somos chamados a votar seis meses após o termos feito. O que mudou desde então foi o fim da coligação que ganhou as eleições e o rompimento de um acordo parlamentar por razões conhecidas. Mudou também o conhecimento que temos dos principais protagonistas e das suas circunstâncias.
O voto é naturalmente a escolha pelo programa/ideário com o que mais nos identificamos, pese embora nos últimos tempos os partidos se terem convertido numa espécie de sindicato do cidadão onde se fala de reivindicações/realizações mais do que projetos.
O voto também é a escolha dos que consideramos mais capazes para nos representar na Assembleia ou para nos governar. A credibilidade, a competência, e o passado de cada um conta muito nesta análise.
Mas a 26 de maio o voto tem ainda uma outra consequência. O voto pode ser uma lição ou uma recomendação. Num cenário onde não é crível maioria absoluta de um só partido, votar pode obrigar a entendimentos e até a alterar os principais líderes regionais. A dimensão da expressão eleitoral num partido pode obrigar o partido a mudar de líder e até de proposta para liderar o governo. Será possível que o resultado eleitoral force a que o partido mais votado, mas com uma expressão mais diminuída, altere quem sugira para presidir ao governo, até pela necessidade de ter o voto dos outros partidos para aprovar o programa do governo. Como também pode levar a que partidos que não atinjam as suas ambições eleitorais se vejam na necessidade de alterar a liderança para quem até tenha outra perspectiva estratégica para a Madeira. Podemos ter um voto estratégico para o futuro da Região mesmo que não seja no partido onde nos habituamos a votar.
Alguns estão indecisos, alguns pensam não votar, muitos estão num recato de quem reflete ou não deseja dizer ao que vai. Atitudes compreensíveis perante a avalanche que nos caiu em cima!
Mas julgo ser importante neste momento deixar claro a todos que o voto também é expressão de esperança, de que está na vontade coletiva a capacidade de definir o futuro liderado por aqueles que achamos mais capazes, mais aptos a encarar e a gerir o que aí vem. E se possível que a solução possa ser tranquilizante e segura na credibilidade que todos desejamos para a autonomia.
Vote pensando que ao fazê-lo ajuda a Madeira no seu futuro e dá aos filhos e netos uma razão acrescida para acreditar.
26 de maio pode e deve ser um dia histórico para a autonomia. Está nas suas mãos!
Ricardo Vieira escreve ao domingo, de 4 em 4 semanas