É muito comum assistirmos a um discurso revestido de um certo repúdio, com associações e atribuições negativas feitas à maioria dos atores políticos, desqualificando-os e generalizando-os a um tipo de perfil geralmente pouco honesto e superficial.
Mas de quem será a culpa?
A sabedoria do senso comum já há muito nos diz que na hora da verdade "a culpa morre sempre solteira".
Será culpa do povo e da sua incapacidade para se soltar dos preconceitos e ideias mais rígidas ou acríticas? Dever-se-á a uma maior à-vontade em maldizer e constrangimento em elogiar? Uma fogaz ou deturpada formação de impressões? Desresponsabilização e desinteresse pela matéria? A revolta com uma nação, em que o crime por vezes parece compensar? Ou será um fenómeno resultante de uma sociedade insatisfeita com o sistema e com as assimetrias sociais, em que o mérito nem sempre é condição essencial para "merecer" e crescer?
Estarão os Líderes ao longo dos tempos a assumir com respeito e transparência a missão que lhes tem sido entregue, colocando a Pessoa como prioridade de toda a sua ação? Ou estarão estes mesmos "atores políticos" a tropeçar nos próprios pés, ofuscando com a própria imagem, caindo na incoerência e falta de consistência?
Independentemente de tudo o que se possa dizer ou especular, o mais certo é que aqui falamos de Personalidades. Falamos em Pessoas.
Este tipo de personalidade, cativante, mas alegadamente pouco honesta, pouco empática, que se orienta com promessas vãs, e que não olha a meios para atingir os fins - Existe.
Existe, mas existe em todos os contextos e sistemas. Não é, nem nunca será exclusiva do meio político.
Estará a pagar o "justo pelo pecador", quando se generaliza?
Um facto inegável: quem assume a causa pública, assume uma Responsabilidade (social) acrescida face a todas as outras pessoas. Deverá ser exemplo de integridade e zelar pelos interesses da população, honrando a confiança que lhe foi entregue pela maioria.
Mas como qualquer pessoa, será sempre injusto um julgamento precipitado, podendo facilmente escorregar-se de um conceito para um preconceito.
Não existem pessoas nem sistemas perfeitos, mas haverá ainda muito a fazer - em todo o lado.
É necessário mudar a lente, construindo um sistema cada mais justo, consolidado em princípios e valores, melhorando de uma forma contínua e coerente o resultado das nossas ações. Onde uns têm um papel de maior destaque e soberania, mas todos, atores da mesma peça.
E por fim, a fórmula mágica: Apego à causa, e desapego a tudo o resto.